3 perguntas de ESG para Ulisses Oliveira, do Porto Sudeste

Por Renato Krausz*

1- Como está a matriz energética do setor portuário hoje no Brasil, e como é possível reduzir emissões?  

Ulisses Oliveira: De um modo geral, o Brasil é referência no campo da energia limpa e renovável com o uso prioritário de fonte hidrelétrica. Apesar disso, tal matriz tem apresentado baixa constância e disponibilidade em períodos mais secos. Ter uma dependência muito grande de uma única fonte está longe de ser o ideal, isso reduz a capacidade de renovação dessa matriz. O país tem um grande potencial de energia solar e eólica ainda não plenamente aproveitado. A tendência é que essa dependência diminua em alguns anos, como já vem acontecendo.

O setor portuário tem buscado ampliar as formas alternativas de energia elétrica em suas operações, para além da fonte hídrica. Projetos voltados para a captação de fontes de energias renováveis como a solar, eólica e testes com a mareomotriz já estão sendo colocados em prática em diversos portos do país. Nessa linha, a aposta do Porto Sudeste é na energia solar.

Esse ano, pretendemos finalizar o planejamento para diversificação da matriz energética do nosso terminal portuário, com o objetivo de consumir majoritariamente a energia solar. Isso posicionará o Porto Sudeste como modelo a ser seguido para alcançarmos uma indústria mais ambientalmente responsável. Infelizmente as mencionadas fontes de energia renovável ainda são pouco incentivadas e os custos envolvidos ainda são altos, o que inviabiliza a substituição total e imediata da matriz energética do Porto Sudeste. Olhando por essa perspectiva de longo prazo, é extremamente vantajoso investir na diversificação e na migração da matriz energética de hidrelétrica para solar.

2- De que forma a inovação contribui para a agenda ESG deste modal?  

Ulisses Oliveira: Inovação é pauta constante no modal portuário. Na busca por operações ainda mais limpas e seguras, sem descuidar da eficiência, estamos sempre discutindo sobre formas de geração de energia sustentável, estímulo à navegação com embarcações mais modernas e ambientalmente responsáveis, entre outros temas. Encontrar espaço para debater sobre esses tópicos nos encontros do setor mostram que a área está no caminho de se aproximar cada vez mais dos pilares ESG. Ainda há muito o que fazer, mas o curso se mostra bem direcionado.

No Porto Sudeste, a maior inovação começou na forma de gestão. Acreditamos que sem mudança de mentalidade e gestão não há como inovar e evoluir. A visão de longo prazo e a maior tolerância ao erro são essenciais a quem pretende trazer novas possiblidades ao setor. Nada de novo surgiu sem muitas tentativas e erros e, se não houver disposição em aceitá-los, a inovação simplesmente não ocorre, dando lugar a acomodação e permanência em zona de conforto.

Inovando nossa forma de pensar e gerir, conseguimos propor alterativas e apostar em novas técnicas para os nossos desafios. A adoção dessa postura na gestão do Porto Sudeste tem trazido resultados expressivos em segurança, controles socioambientais e atividades operacionais. Maior exemplo foi o incentivo na técnica inovadora e inédita no mundo de corte de rocha submersa com uso de fio diamantado, opção de impactos ambientais incrivelmente menores do que a prática regular de derrocamento de fundo rochoso que se faz com o uso de explosivos.

3- Quais principais ações do Porto Sudeste com sua comunidade de entorno?  

Ulisses Oliveira: A melhor forma de mostrar respeito à comunidade no entorno é realizar suas atividades da maneira mais segura e ambientalmente responsável possível. O Porto Sudeste acredita na integração da atividade portuária e seu entorno. A empresa dedica grandes investimentos para que suas operações ocorram sem interferências ao ambiente local e à comunidade. Com sustentabilidade, equilíbrio e respeito, o Porto Sudeste tem como propósito maior o desenvolvimento responsável da região onde está inserido.

Implementamos diversos projetos para fortalecer a comunidade, de maneira que as atividades portuárias se desenvolvam sem descuidar daquilo que faz dessa região única. Fomento à pesca artesanal, incentivo à cultura, qualificação e utilização de mão de obra local são algumas das ações que beneficiam a comunidade da área de influência direta do empreendimento. Buscamos apoiar iniciativas que estimulem a geração de renda local e contribuam para uma sociedade melhor e mais justa.

Uma das ações foi o investimento da empresa na plataforma “Pertinho de Casa”, que conecta os empreendedores a possíveis clientes da região de Itaguaí. Já são mais de 50 negócios cadastrados. Além disso, a maior prova de integração do Porto Sudeste com sua comunidade é que mais de 60% de sua força de trabalho é formada por pessoas da região.

*Renato Krausz é sócio-diretor da Loures Comunicação

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.



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