Três casos da linhagem BA.2 da variante Ômicron do coronavírus foram identificados no Brasil, informou o Ministério da Saúde nesta sexta-feira. Uma das infecções ocorreu no Rio de Janeiro, e a outra, em São Paulo.
Identificado na capital fluminense, o caso do Rio de Janeiro foi confirmado pela Secretaria de Estado de Saúde no início da noite desta sexta-feira. Ainda não se sabe se a pessoa infectada esteve recentemente na Ásia ou Europa, regiões onde a subvariante BA.2 tem acarretado um aumento de casos.
O ministério não deu mais detalhes sobre os casos do estado de São Paulo.
O que é a subvariante BA.2 da Ômicron
Um subtipo da variante Ômicron, designada como BA.2, vem aparecendo na mídia após uma alta no número de casos na Dinamarca e nos Estados Unidos
A subvariante é 1,5 vez mais contagiosa que sua cepa original e já foi investigada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, que acredita que a circulação do vírus no país norte-americano é baixa — ao todo, são 194 casos até 23 de janeiro.
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A BA.2 vem da linhagem da Ômicron. A cepa extremamente transmissível e responsável por grande parte dos casos mundiais hoje já possui quatro sublinhagens: BA.1 (original), BA.1.1, BA.2 e BA.3.
Nada indica que a BA.2 seria mais resistente às vacinas ou teria sintomas mais graves. “Atualmente, não há evidências de que a linhagem BA.2 seja mais grave do que a linhagem BA.1”, disse a porta-voz do CDC, Kristen Nordlund.
Apesar de ter sido detectada inicialmente na Austrália, África do Sul e Canadá, a BA.2 explodiu na Dinamarca ao longo de algumas semanas. Atualmente, o país conta com 20.132 casos registrados, e o governo dinamarquês afirmou que não há diferença em hospitalizações em comparação com a BA.1.
A variante BA.2 conta com cinco mutações únicas em uma parte fundamental da proteína spike, responsável por conectar o vírus nas células humanas. Mutações nesta parte são frequentemente associadas a uma maior transmissibilidade.
Além disso, ela não conta com a mutação H69-V70, como é o caso da Ômicron, que facilita a identificação da cepa na hora de fazer o sequenciamento genético.
O diagnóstico não é afetado — ou seja, o paciente não receberá um falso-negativo —, mas centros responsáveis pelo mapeamento do vírus, como o Outbreak Info, tem dificuldade em identificar o BA.2 por conta da ausência da mutação.
Vale ressaltar que mutações e novos tipos de variantes são esperados dentro do contexto de pandemia. O vírus tem como objetivo achar novas formas de se propagar para sobreviver, portanto, a BA.2 não deve ser encarada com medo — a própria OMS não a classificou como uma variante de preocupação, como é o caso da Delta ou da própria Ômicron.
Porém, Maria Van Kerkhove, líder técnica da covid-19 da agência, já alertou que a próxima variante será ainda mais transmissível que a BA.1 original. “A próxima variante de preocupação será mais transmissível, porque terá que ultrapassar o que está circulando atualmente”, disse Van Kerkhove. “A grande questão é se as variantes futuras serão ou não mais ou menos severas.”
(Com informações da Agência O Globo)