A conta fecha? O segredo bilionário do PSG para atrair Messi

A essa altura do campeonato você já deve ter ouvido que o argentino Lionel Messi, um dos maiores jogadores da história, está de saída do Barcelona e possivelmente a caminho de Paris para fechar com o PSG. A grande questão em aberto é como os franceses conseguirão o que os espanhóis não conseguiram: dinheiro o suficiente para pagar pelo craque.

A possível contratação demanda uma engenharia financeira complexa. Isso porque, desde 2013, os clubes europeus têm limites de gastos em contratações para evitar uma competição desleal que cause desequilíbrio esportivo. Batizada de “Fair Play Financeiro”, a regra define, em linhas gerais, que os clubes só podem gastar o que conseguem ganhar. Além disso, a Liga Espanhola limita os gastos de cada clube a uma porcentagem das receitas.

São formas de evitar, por exemplo, que proprietários bilionários injetem grandes volumes de recursos em seus clubes. A demanda cresce no século 21 à medida que times tradicionais, como Milan, Inter, Chelsea, Manchester United e Manchester City, foram vendidos a compradores internacionais.

O PSG está nesta lista: o clube foi comprado em 2011 pela Qatar Sports Investiments, fundo ligado ao governo catari que viu no clube francês um canal de divulgação de suas ambições. O auge da estratégia de propaganda é a realização da Copa do Mundo de 2022. Em pouco mais de dez anos, o fundo investiu pesado — pagou, por exemplo, 222 milhões de euro por Neymar. A soma chegou a 1,8 bilhão de euros, segundo documentos vazados pela Football Leaks.

Mas o sonhado título europeu não veio, o e os cataris aumentaram a aposta às vésperas da Copa.

Na última janela de transferências trouxeram o zagueiro espanhol Sérgio Ramos, o goleiro italiano Gianluigi Donnarumma, o meia holandês Georginio Wijnaldum. Messi seria a cereja do bolo. Calcula-se que o governo catari esteja disposto a investir até 200 milhões de euros em reforços para a temporada. Messi, sozinho, custaria 40 milhões de euros por ano mais um bônus de assinatura de 30 milhões de euros.

E como a conta fecha? Em 2020 o PSG fechou a temporada com prejuízos de 126 milhões de euros, um dos maiores da Europa, segundo levantamento da consultoria Sports Value. A receita esperada de 636 milhões de euros ficou em apenas 541 milhões. Apenas de salários o clube francês gastou 414 milhões de euros no ano passado. O maior trunfo do PSG nas receitas, especialmente num cenário de estádios sem a plena capacidade, são os patrocínios, que bateram 299 milhões de euros no ano passado, ante apenas 38 milhões de euros antes da chegada dos novos proprietários.

A maior fatia vem da Qatar Tourism Authority. Em 2018 o jornal alemão Der Spiegel revelou que a autoridade catari pagava 215 milhões de euros ao clube num acordo que tinha o valor de mercado justo de menos de 3 milhões de euros. A Uefa, a federação europeia de futebol, já abriu processo para investigar a relação comercial. Na última temporada, para fugir de polêmicas, o clube estampou suas camisas com a marca da rede de hotéis Accor.

O que poderia dar errado para o clube francês? Uma suspensão por burlar o Fair Play Financeiro pode deixar o PSG fora de competições como a Liga dos Campeões da Europa, o maior objetivo do clube. Uma suspensão semelhante foi aplicada — e depois, revertida, em 2020 — ao Manchester City, de Mansour bin Zayed al-Nahyan, da família real dos Emirados Árabes.

O Barcelona, por sua vez, acumulou prejuízos de 400 milhões de euros nas últimas duas temporadas, num resultado turbinado pela pandemia. Messi assinou em 2017 um contrato de quatro anos com o clube que lhe garantiu 500 milhões de euros. O clube espanhol não tem um bilionário como proprietário, e seus sócios estão correndo para arrecadar o suficiente para segurar seu maior ídolo.

Uma chuva de processos deve chegar a Paris, caso o craque argentino de fato feche com os franceses. Neste contexto, Messi, rico como nunca, teria a obrigação de levar o clube ao título europeu.

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