Senadores expuseram munição de chumbo grosso, citando nomes de empresários e relações perigosas
Por Márcio de Freitas*
O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia, Renan Calheiros (MDB-AL), usou uma metáfora de futebol para traduzir os embates da investigação ao dizer que, como nos times de futebol, o colegiado também tem 11 integrantes, mas que ali não havia goleiros ou zagueiros. “Somos todos atacantes”, comparou Calheiros, nesta sexta-feira, durante os depoimentos de Natalia Pasternak e de Cláudio Maierovitch.
Os dois pesquisadores bateram bastante no presidente Jair Bolsonaro, pela falta de preparação para proteger a população e por divulgar tratamentos alternativos sem comprovação científica. Tudo que falam publicamente há meses, relataram diretamente aos senadores, sem fato novo. Isso um dia após Bolsonaro sinalizar que pode aposentar a obrigatoriedade do uso de máscaras para conter a transmissão do Sars-CoV-2. Essa postura também não é nova.
Fato futuro na CPI são as quebras de sigilo e as menções indiretas a nomes que podem ainda ser chamados e começam a causar algum suspense, principalmente num dia de divulgação de pesquisa que mostra a melhora da percepção da economia sem reflexo no aumento da popularidade presidencial.
Supostas relações com empresários e possíveis defesas de interesses privados pelo presidente foram acenados por senadores de oposição como munição de grosso calibre contra Bolsonaro. Ainda que superficial e sem detalhamento, essa linha foi apontada pelo vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) em tom de ameaça ao discutir com o senador Jorginho Mello (PL-SC), que fazia a defesa do governo.
Renan e Randolfe fizeram uma tabelinha no ataque e vão continuar jogando a bola um para o outro. Por isso, é bom o governo preparar a zaga. A bola está rolando.
*Márcio de Freitas é analista político da FSB Comunicação
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