Ações das varejistas de moda saem de moda

Com lojas fechadas e menos pessoas circulando, os papéis das varejistas de moda como Riachuelo, Renner e C&A já recuaram mais de 50% em 2020

As varejistas C&A, Hering, Marisa e Riachuelo fecharam suas lojas por tempo indeterminado, e, ao menos no curto prazo, as redes de roupa estão pouco atrativas aos investidores. A semana deve ser de nova leva de questionamentos à medida em que mais cidades pelo Brasil ordenam que cidadãos fiquem em casa.

No início do ano, havia expectativa de que os papéis do setor poderiam se valorizar, impulsionados pelo crescimento do produto interno bruto do país (PIB) e pela transformação digital individual das redes. Só que a pandemia de coronavírus mudou esse cenário.

No acumulado de 2020, as ações da C&A já recuaram 66,7%, da Hering caíram 67,1% e da Marisa, 71,5%. Já os papéis da Guararapes – controlador da Riachuelo – se desvalorizaram 54,5%.

A reação dos investidores tem relação com a atuação geográfica das varejistas. As quatro concentram suas lojas em São Paulo, estado que responde por 40,8% dos casos confirmados do novo coronavírus, de acordo com relatório do banco UBS, assinado por Gustavo Oliveira, Gabriela Katayama e Rodrigo Alcantara.

São Paulo tem desde o fim de semana shoppings fechados e começa nesta terça-feira, 24, quarentena estabelecida pelo governo estadual, em que só lojas de serviços essenciais podem abrir.  Antes mesmo do anúncio do governador João Doria (PSDB), feito no fim de semana, redes como Riacheulo e Renner já haviam se antecipado e divulgado o fechamento das lojas.

Assim, a saída para os próximos meses, dizem os analistas, estará nos processos de transformação digital que as redes começaram a implementar nos últimos dois ou três anos. As empresas ainda não divulgam quanto de suas vendas vêm do comércio eletrônico, mas afirmaram em seus balanços que o segmento cresceu dois dígitos em 2019, acima das vendas em lojas físicas.

Desejo de comprar online o consumidor tem. O mercado de moda e assessórios foi líder em número de pedidos no comércio eletrônico em 2019, segundo a empresa de inteligência Compre&Confie, respondendo por 21% dos pedidos (em faturamento, ficaram em quarto lugar, com 11% da receita de 75 bilhões de reais do e-commerce). Essa fatia deve seguir crescendo à medida em que o Brasil entra na chamada “segunda onda” do e-commerce, com mais compras de itens diversos além dos tradicionais telefonia e informática.

“O período é bastante conturbado para as varejistas, elas perdem vendas em lojas físicas, onde a maioria delas ocorre. No entanto, é um bom momento para que os consumidores conheçam o serviço da compra via e-commerce, o que pode significar uma oportunidade futura para as empresas”, escrevem os analistas da corretora Guide em relatório enviado a clientes. Os próximos meses servirão para ver quem de fato conseguiu um estágio suficiente de transformação digital (e caixa) para lidar com este momento.

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