Ana Busch: Por que queremos um país mais preto, feminino e diverso

Por Ana Busch*

Resolvi subverter o espírito desta coluna, que normalmente resume o melhor que a Bússola traz na semana. Editando nosso colunista Preto Zezé pela manhã, decidi escrever sobre o hoje. O hoje que queremos, um hoje necessário. Trocamos mensagens ontem o dia todo, e ele, na luta, manda um último recado já de madrugada, depois de me consultar antes – “tu dorme tarde?” -, e retoma, hoje logo cedo com o artigo pronto.

Zezé é um líder na melhor das acepções. Dialoga bem com vários segmentos, sem perder de vista os interesses daqueles que representa. E uso suas palavras para tratar do Dia da Consciência Negra. “Um país mais preto é um país necessário, urgente e melhor.”

O assunto não é brincadeira. Um estudo da consultoria Newa mostra que jovens negros com até 29 anos são os que mais cometeram suicídio no Brasil nos últimos anos. O estudo vai além. Diz que jovens pretos têm 45% mais riscos de desenvolver depressão que brancos.

Mais: o instituto Locomotiva revelou que sete em cada dez negros já sofreram preconceito em lojas, shoppings, bares, restaurantes ou supermercados. “Naturalizamos a ausência de determinados grupos sociais, especialmente em espaços de tomada de decisão”, diz o advogado, professor e filósofo Silvio de Almeida.

Um atraso vergonhoso e um paradoxo evidente em um país em que a população preta, majoritária, movimenta mais de R$ 1,7 trilhão e representa 51% dos microempreendedores. E o chamado black money, o dinheiro que circula entre pretos e pardos, cresce e se fortalece. Isso precisa estar refletido no cotidiano das empresas, nas lideranças. O mundo corporativo precisa limpar suas lentes ao pensar questões sobre racismo e diversidade. E você, lendo este texto, pode ajudar, se informando durante o feriado.

Mulheres

Tenho que confessar que escrevi a primeira parte deste texto com apreensão, um pouco envergonhada, meio fora de lugar, na minha condição privilegiada. Mas o tempo todo, fui traçando paralelos com o mundo mais feminino que também buscamos.

Um relatório da Secretaria de Política Econômica do governo, de setembro, mostra que dois a cada três desempregados são mulheres. No total, há quase 7 milhões sem emprego no Brasil – não é preciso dizer que as negras representam a maioria. É mais uma das sequelas emocionais deixadas pela pandemia. Um plano de retomada da economia precisa pensar na contratação de mulheres e de mães.



Continue lendo

Recomendados

Desenvolvido porInvesting.com
Infraestrutura, Todos

Notícias relacionadas

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Preencha esse campo
Preencha esse campo
Digite um endereço de e-mail válido.
Você precisa concordar com os termos para prosseguir

Menu