Após fraudes, IRB tem prejuízo de R$ 1,5 bi; 2021 vai ser melhor?

A resseguradora IRB Brasil – uma das empresas mais polêmicas do momento no mercado brasileiro — teve prejuízo de 1,5 bilhão de reais em 2020, ante lucro de 1,2 bilhão de reais em 2019. O prejuízo do quarto trimestre foi de 620 milhões de reais, o maior do ano. No mesmo período de 2019, a companhia teve lucro de 654 milhões de reais. O prejuízo veio mesmo em um ano em que a resseguradora teve alta de cerca de 12% nos prêmios emitidos, com um total de 9,5 bilhões de reais, ante 8,5 bilhões de reais em 2019.

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A perda bilionária é resultado de um período recheado de polêmicas para a empresa, que até o início do ano passado pouco aparecia no noticiário. Em mensagem publicada junto com os resultados, o presidente, Antônio Cássio dos Santos , afirma que a companhia enfrenta uma “crise de credibilidade”.

Desde o início de 2020, a resseguradora foi acusada de fraude, divulgou uma farsa envolvendo o mega investidor Warren Buffett, e foi alvo de uma ação de milhares de investidores com o objetivo impor perdas a fundos que operavam vendidos, apostando na queda dos papéis – o chamado short squeeze, prática que ficou conhecida após o caso da norte-americana Gamestop.

Entenda a seguir os recentes acontecimentos envolvendo a companhia e o que mudou na empresa desde então, e o que esperar do IRB em 2021.

O IRB atua no pouco emocionante setor de resseguros, o seguro das seguradoras. Foi fundado como uma empresa estatal por Getúlio Vargas, em 1939, quando passou a deter o monopólio nacional do segmento. Em 2007, a companhia deixou de ter o monopólio desse mercado no Brasil e, em 2013, foi totalmente privatizada. O IRB abriu capital na bolsa de valores brasileira, a B3, em 2017 e era visto como uma rara combinação entre potencial de crescimento e altos dividendos. Dados da Economática mostram que a resseguradora ganhou 31 bilhões de reais em valor de mercado entre agosto de 2017 e janeiro de 2020, quando chegou a valer 40 bilhões de reais na bolsa – uma valorização de quase 350%.

O caldo começou a entornar em fevereiro de 2020, quando a gestora Squadra divulgou duas cartas questionando os resultados da companhia e anunciando que mantinha uma posição vendida (short) contra a empresa — ou seja, a gestora apostava que o ativo ia se desvalorizar e se posicionava para lucrar com isso.

Lucro inconsistente e a farsa com Warren Buffett

Na primeira carta, a Squadra disse que havia “uma grande disparidade entre o preço e o valor nas ações da IRB Brasil e que encontrou indícios que apontam lucros normalizados (recorrentes) significativamente inferiores aos lucros contábeis reportados nas demonstrações financeiras da companhia.” A carta fez a ação da companhia cair 15% em um dia. No segundo comunicado, voltou a ressaltar a existência de “ganhos extraordinários” classificados como recorrentes.

Alguns dias depois surgiu a notícia de que a Berkshire Hathaway, empresa do bilionário Warren Buffett, havia triplicado a fatia que detinha da IRB Brasil em fevereiro.

Segundo uma reportagem publicada pelo jornal O Estado de São Paulo, entre os dias 6 e 18 de fevereiro, a Berkshire Hathaway aproveitou a baixa das ações da resseguradora para ampliar a sua participação. A notícia fez as ações subirem cerca de 9% em um dia.

Em nota publicada no dia 3 de março, a empresa de Buffett desmentiu a informação e afirmou que não é acionista do IRB, nunca foi e também não tem intenção de se tornar acionista da companhia brasileira. A nota da empresa de Buffet fez as ações do IRB despencarem mais 35%.

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