Após uma onda de altas, até onde vai a bolsa em 2020?

A pergunta do dia nesta terça-feira entre gestores e investidores é se o Ibovespa tem espaço para seguir avançando após uma espetacular leva de sete altas consecutivas. A terça-feira começou com os índices em alta na Ásia, mas com as principais bolsas europeias caindo quase 2% — num sinal, para gestores ouvidos pela agência Reuters, que pode ser hora de uma “correção”.

Ontem, o índice subiu mais 3,18% e chegou aos 97 mil pontos — a valorização desde 23 de março, o pior dia do ano, quando foi a 63 mil pontos, chega a 57,8%. O dólar, por sua vez, recuou a 4,85 reais, depois de bater quase 6 reais semanas atrás. Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 subiu 1,2% ontem e zerou as perdas causadas pela pandemia do coronavírus.

O vírus, como se sabe, segue avançando, sobretudo em países como Brasil e Índia e há possibilidades de ondas de contágio em países que estão reabrindo as economias. Mas a possibilidade de recuperação em “V” na economia tem dado o tom das bolsas, e foi impulsionada pela notícia de que os Estados Unidos criaram 2 milhões de empregos em maio, segundo divulgado semana passada.

“É possível afirmar com um grau de certeza razoável que a recessão deve durar menos e ser menos profunda que há alguns meses”, afirmaram em relatório analistas da Levante Investimentos. Renato Ometto, gestor de ações da Mauá Capital, ressalta que os juros devem continuar baixos em todo o mundo, inclusive no Brasil, o que aumenta a atratividade das ações.

Para apagar os prejuízos de 2020, o Ibovespa ainda precisa subir 18,4%. Mas a maior parte dos analistas prevê que o Ibovespa finalize o ano entre 100.000 e 112.000 pontos — mais 14,7% de alta, portanto. Terminar 2020 perto do zero a zero seria um desempenho notável uma vez que a economia deve recuar 6,3% no ano, segundo divulgou ontem o Boletim Focus, do Banco Central. A pergunta obrigatória é: faz sentido? Ou há otimismo em excesso entre os gestores?

David Rubenstein, um dos fundadores da gestora de private equity Carlyle, um dos mais privilegiados observadores do mercado de ações, acha que sim. Em live ontem organizada pelo banco BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a Exame), Rubestein afirmou que as bolsas, sim, antecipam movimentos, mas que “a economia não vai voltar correndo”.

“Em geral, leva de três a quatro anos para a economia voltar ao ponto que estava antes de uma crise. Só que as bolsas nos Estados Unidos já voltaram ao mesmo patamar de antes da pandemia do novo coronavírus”, afirma. O desafio dos investidores seguirá sendo separar o que é som, e o que é ruído em meio à euforia. As economias vão recuperar mesmo? Novas ondas de contágio virão? Quais as chances eleitorais de Trump? A guerra fria entre China e Eua vai evoluir? No Brasil, qual o peso da falta de liderança no controle da pandemia e na recuperação da economia?

Sobram incertezas, mas também sobra euforia. A experiência de Rubenstein, certamente, tem peso num momento como o atual.


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