App da Saúde recomenda cloroquina e outros remédios sem eficácia para tratar covid-19

Apesar de o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, garantir que o governo não indica o tratamento precoce para a covid-19, a pasta mantém no ar um aplicativo que indica o uso de medicamentos como cloroquina, ivermectina e azitromicina, que não têm eficiência comprovada contra a doença e que podem provocar efeitos colaterais graves.

O aplicativo TrateCov foi lançado no dia 14 deste mês, em Manaus, pelo próprio ministro Pazuello e, de acordo com o ministério, seria indicado para profissionais de saúde. Em nota publicada em sua página, o ministério diz que a plataforma é direcionada a profissionais de saúde para “aprimorar e agilizar os diagnósticos da covid-19” e ajudar “o atendimento e resposta adequados para o paciente de acordo com cada caso”.

No entanto, como mostrou inicialmente o site The Intercept, qualquer pessoa pode acessar o aplicativo. Ao menos por enquanto, nem o aplicativo nem o site exigem identificação ou registro de médico para serem acessados.

O programa exige apenas o preenchimento de dados simples do paciente, como peso e idade, e traz questões sobre sintomas, doenças preexistentes e possível contato com pessoas com diagnóstico de covid-19. O app não apenas auxilia a encontrar o atendimento adequado, como diz o ministério, mas recomenda o tratamento com os medicamentos.

A Reuters fez seis simulações de pacientes no aplicativo. Independentemente da idade, sintomas ou doenças preexistentes, a recomendação foi sempre a mesma: difostato de cloroquina 500 mg, hidroxicloroquina 200 mg, ivermectina 6mg, azitromicina 500 mg, doxiciclina 100mg, sulfato de zinco e dexametasona.

O aplicativo não permite alterar as dosagens ou retirar um dos medicamentos, independentemente das doenças preexistentes, apesar de alguns medicamentos trazerem riscos. A cloroquina, por exemplo, pode causar arritmia em pacientes com problemas cardíacos. Já a dexametasona traz riscos para pacientes com pressão alta ou diabetes.

Procurado pela Reuters, o Ministério da Saúde não respondeu de imediato.

O infectologista José David Urbáez, representante da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), disse que, além de não haver comprovação para o uso dos medicamentos, os efeitos adversos da combinação podem ser graves.

“Já é farto e sabido que a cloroquina e a hidroxicloroquina não tem ação antiviral. O uso somado dos dois está induzindo um potencial elevadíssimo de efeitos adversos graves, inclusive em pacientes cardíacos”, disse. “Colocar doxiciclina além de tudo, somada, pode levar a uma hepatite medicamentosa.”

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