São Paulo — Em 2018, o Brasil registrou uma queda de 10,8% no número de mortes violentas em comparação com o mesmo período de 2017. Ao todo, no ano passado, 57.341 pessoas foram mortas no país, o que corresponde a uma taxa de 27,5 mortes a cada 100 mil habitantes.
Os números são do novo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e divulgado nesta terça-feira (10).
Segundo definição do relatório, as mortes violentas correspondem à soma das vítimas de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais.
De todas as estatísticas analisadas pelo FBSP, além das mortes violentas, também registraram queda as mortes de policiais (-8%), os crimes de patrimônio (-14,2) e os roubos de cargas (-20,2%).
Outras estatísticas, no entanto, tiveram altas representativas, como as mortes decorrentes de intervenções policiais. Em 2018, mostram os números, foram 17 vítimas por dia no Brasil, um crescimento de 19,6% em relação ao ano anterior.
Das 6.220 mortes, 99,3% eram homens, 77,9% tinha entre 15 e 29 anos e 75,4% eram pessoas negras. Os estados que apresentaram maior crescimento foram Roraima (183,3%), Tocantins (99,4%), Mato Grosso (74%), Pará (72,9%), Sergipe (60,7%), Goiás (57,1%), Ceará (39%) e Rio de Janeiro (32,6%).
“A série histórica dos registros de mortes decorrentes de intervenções policiais no Brasil indica um crescimento paulatino das mortes provocadas por policiais, o que faz com que as Polícias de vários Estados sejam percebidas como violentas”, diz um trecho da análise do Anuário.
Veja abaixo alguns números sobre a violência no Brasil no ano passado
Violência contra a mulher
Além das mortes por policiais, o Brasil também registrou um crescimento de 4% em relação às mortes decorrentes de feminicídio.
Segundo os dados, os feminicídios correspondem a 29,6% dos homicídios dolosos de mulheres em 2018. Foram 1.151 casos em 2017 e 1.206 em 2018.
Para essa estatística, contudo, é necessário se observar que a lei que tipifica o feminicídio é recente, de 2015, e desde que ela entrou em vigor, os casos subiram 62,7%.
Os registros de feminicídios aqui analisados derivam dos boletins de ocorrência das Polícias Civis Estaduais de 26 Unidades da Federação. Apenas o Estado da Bahia não enviou as bases de dados.
“Como a lei é relativamente recente, é natural que exista um processo de aprendizagem dos profissionais de segurança pública para o adequado registro”, diz outro trecho do documento. “As informações geradas pela segurança pública adquirem um sentido mais robusto quando cruzadas com aquelas da saúde e com pesquisas qualitativas dos estudos de gênero”, completa.
Diante desse cenário, é possível identificar alguns padrões, se analisados os registros já existentes. No ano passado, por exemplo, 88,8 % dos casos de feminicídio o autor foi o companheiro ou ex-companheiro. Além disso, o ápice da mortalidade se dá aos 30 anos e as vítimas são em sua maioria (61%) mulheres negras.
Veja a seguir mais dados sobre violência no Brasil no ano passado