Babilônia não só existe como virou pop: jovens redescobrem cidade mítica da Torre de Babel

Babilônia, terra da torre de Babel e uma das metrópoles mais importantes da Antiguidade, não só existe como vem recobrando a vida com jovens que procuram a cidade para se reconectar com a história. A 85 quilômetros de Bagdá, capital do Iraque, o centro urbano criado há quatro milênios faz parte hoje de Hillah, importante polo agrícola e têxtil com mais de 400 mil habitantes – ônibus de toda parte do país chegam e partem diariamente do local. “Na minha universidade, mais de 50 estudantes fizeram uma vaquinha para fretar um ônibus de turismo e realizar o sonho de conhecer esse lugar mítico”, diz Aws Talal, que cursa geologia na Universidade de Mossul, ao norte.

Foi a primeira incursão de muitos jovens à antiga capital do Império Babilônico. “Nosso objetivo é nos reconectarmos com a essência do antigo Iraque, o berço da civilização”, diz Talal. Babilônia, assim como Ur e outras cidades de Bíblia, era um dos centros urbanos mais importantes da antiga Mesopotâmia, atual Iraque. Entre as principais invenções mesopotâmicos, têm destaque a escrita, as leis (o código de Hamurabi, considerado o primeiro texto jurídico, foi escrito na Babilônia há quase 4 mil anos) e os primeiros centros urbanos. “Lugares como esse deveriam ser visitados por turistas do mundo todo, pena que as condições de segurança ainda não são ideais”, diz Talal. “Mas acreditamos estar no rumo certo”.

Alguns anos atrás, pouca gente se aventurava a viajar pelas estradas do Iraque. Entre 2016 e 2017, o país caiu nas mãos do Estado Islâmico — a região norte foi dominada pelo grupo. A milícia perdeu poder e foi vencida após uma guerra que deixou mais de 40 mil mortos e destruiu metade da cidade de Mossul, epicentro das ações do grupo. Embora ainda haja emboscadas realizadas por células terroristas que ainda restaram, houve um aprimoramento da segurança.

Com isso, os trabalhos de arqueologia também ganharam vida. Equipes realizam escavações nas antigas ruas da cidade e nas imediações do portão de Ishtar. Partes da muralha milenar que protegia o local também estão de pé. Arqueólogos financiados pelo governo iraquiano e por ONGs como a World Monuments Fund, dos Estados Unidos, têm descoberto tabuletas com inscrições cuneiformes, a primeira escrita inventada, além de objetos de cerâmica. Os especialistas também estão refazendo o traçado das ruas.

Os desafios, no entanto, não são poucos. A cidade foi impactada pela invasão americana ao Iraque, em 2003, e sofreu com décadas de abandono. Babilônia só entrou para a lista de monumentos que são patrimônio da UNESCO em 2019, depois de definir, em um amplo trabalho, os limites do antigo centro urbano e mapear as áreas onde seriam realizadas as escavações. Também foi preciso desenvolver técnicas para estabilizar e preservar o Leão da Babilônia, uma das estátuas mais antigas do mundo, com cerca de 2.600 anos.

Nos últimos anos, equipes de especialistas começaram a ser treinadas para conservar o patrimônio histórico e realizar novas escavações arqueológicas. As atividades continuam principalmente no portão de Ishtar, deusa do amor e da guerra.

O pórtico que leva o nome da figura mítica, construído pelo rei Nebuchadnezzar II, era parte de uma estrutura maior, uma via monumental protegida por altos muros feitos com tijolos azuis decorados com representações de animais e divindade. Parte do muro se encontra no Museu Pergamon, em Berlim (há cem anos, arqueólogos alemães escavaram o local e levaram o que encontraram para a Alemanha). Agora, a intenção é recuperar o que ficou no Iraque. Não há vestígios, no entanto, da Torre de Babel ou dos Jardins da Babilônia, apontados como maravilhas do mundo antigo.

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