A prefeitura de Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina, entrega neste sábado, dia 4, a nova orla da praia central, após uma megaobra de alargamento da faixa de areia.
As imagens do projeto se espalharam pelas redes sociais, com surpresa e críticas à intervenção ambiental na área, que lembra projetos como a da construção do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, na década de 1950.
A inauguração coincide com o início da temporada oficial de verão na cidade, famosa por ter festas badaladas e milhares de turistas.
Com um dos metros quadrados mais caros do país, BC — como é chamada a cidade — também é conhecida como a cidade onde os arranha-céus residenciais faziam sombra não só em toda a faixa de areia a partir do fim da manhã como até no mar.
Foi justamente essa uma das razões para a decisão de ampliar a praia, para dar mais opções de horário de praia com sol para os moradores e taristas. A faixa de areia quase triplicou de tamanho, aumentando de 25 metros para 70 metros ao longo dos 5,8 quilômetros da orla.
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Foram transportados, no total, 2,2 milhões de metros cúbicos de areia para o local da obra, em um projeto que era debatido desde a década de 1990. O alcance do sol até aumentou, mas a sombra durante a tarde não foi completamente eliminada.
O preenchimento foi possível graças a uma draga que atracou na cidade no fim de agosto, para a etapa final da obra oficialmente iniciada em março. O equipamento, segundo a prefeitura, foi o mesmo que fez intervenções no Canal de Suez, no Egito. O custo aproximado foi de quase R$ 67 milhões, provenientes de um empréstimo obtido com o Banco do Brasil.
Para a abertura neste sábado, estão previstas apresentações musicais e artísticas, além de competições esportivas como Foot Table (futebol na mesa) e beach tennis. Também é previsto um espaço infantil, onde foram montados brinquedos infláveis gigantes para entreter os mais novos.
Na contramão de pelo menos 22 capitais, preocupadas com o avanço da Covid-19 no exterior e a chegada da variante Ômicron, Camboriú decidiu manter as festas públicas de Réveillon.
“É a conclusão de uma obra histórica, com sucesso em todos os sentidos, que está servindo de incentivo e farol a obras de proteção costeira em todo Brasil”, disse o prefeito de Balneário Camboriú, Fabrício Oliveira (Podemos).
“Muitos achavam que era irrealizável. Ou ficção.”
A prefeitura de Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, abriu licitação em novembro para contratar um estudo de retirada da areia do mar e alargamento de seis praias do local, um dos principais destinos turísticos dos paulistas. Florianópolis e Natal são outras cidades que fazem planos para obras parecidas.
Outros possíveis efeitos da obra
Com o avanço rápido da urbanização e das mudanças climáticas, especialistas dizem que a erosão costeira será cada vez mais comum. Obras de alargamento das praias, no entanto, envolvem uma série de desafios técnicos para sair do papel.
O processo de dragagem, em alguns casos, pode trazer uso de substâncias químicas e afetar a fauna e a flora locais. Relatos de moradores de Camboriú sugerem um aumento da presença de tubarões na região — pelo menos 16 animais do tipo teriam sido vistos entre agosto e outubro. Não foram registrados ataques a humanos.
A prefeitura da cidade catarinense afirma que respeita as normas ambientais.
(Com Estadão Conteúdo)