BNDES vai lançar programa inédito de R$ 1 bilhão de crédito ESG

Nos últimos meses, Bruno Aranha, diretor de Crédito Produtivo e Socioambiental do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), perdeu a conta de quantas vezes foi ao Pará, Acre e outros estados do Norte. Os potenciais produtivos da região e as demandas de cada local foram incorporados ao programa inédito de crédito ESG que o banco deverá lançar na próxima segunda, 9.

Com recursos da ordem de 1 bilhão de reais, a nova linha de financiamento traz entre suas principais premissas o incentivo à transição a uma economia de baixo carbono e o fortalecimento de cadeias de fornecedores sustentáveis nas regiões menos desenvolvidas no país. “O olhar para os locais que mais precisam de apoio é essencial para a agenda de retomada econômica sustentável, verde e inclusiva”, diz Aranha. Também está no radar do BNDES a estruturação do mercado de carbono no país. Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista.

Como o programa de crédito ESG está estruturado?

Esse programa, que será lançado na semana que vem, é voltado para a melhoria dos indicadores de sustentabilidade dos nossos clientes, com uma dotação inicial de 1 bilhão de reais e financiamento máximo de 150 milhões de reais por grupo econômico. Se a empresa assumir compromissos conosco relacionados à sustentabilidade e comprovar que cumpriu as metas, vai haver uma redução proporcional da taxa de juros ao final do financiamento.

E em que se baseia esse cálculo?

Hoje, temos um spread básico de 1,5% para a linha (de crédito). Como funciona? Para ter acesso ao financiamento, o interessado precisa apresentar duas contrapartidas mínimas. Uma é o relatório de sustentabilidade no modelo GRI ou similar e a outra é publicar seu programa de responsabilidade socioambiental, priorizando a questão da diversidade. A política de investimento social precisa ter um carinho especial também em relação à educação.

Mas isso não significa, por si só, um impacto na taxa de juros. Nós podemos acertar com o cliente duas metas, relacionadas à questão ESG. Se ele cumprir ambas as metas, poderá ter uma redução de 0,4% na taxa. Se ele cumprir apenas uma das metas, ele tem um desconto de 0,2%. E se não cumprir nenhuma das metas, vai para 2,5%. Serão feitas verificações anuais ao longo de todo o financiamento.

Quais são as metas principais?

São certificações ambientais. Temos nossa lista de certificações aceitas, como os ISOs, as certificações sociais. Uma outra meta é o inventariado do carbono, em especial quando trata-se de uma atividade geradora de carbono. Pode ser um inventário do quanto se captou de carbono ou das emissões, com uma meta de redução dessas emissões. Uma outra possiblidade é ampliar a rede de fornecedores incorporando aqueles da região Norte e Nordeste do país. A intenção é incentivar o desenvolvimento dessas regiões.

Isso tem a ver com a ideia de estruturar cadeias produtivas regionais?

Exatamente.

Por que, para que esse modelo da rede de fornecedores funcione, é preciso haver uma ampliação dos fornecedores, não?

Sim. A intenção é que as empresas olhem para o Norte e seja criada essa cadeia. Aí, cria-se esse ciclo positivo em que uma média ou grande empresa pode ajudar a fomentar o desenvolvimento na região. Não à toa, o primeiro setor a ser contemplado com o crédito ESG vai ser o de madeira, voltado ao reflorestamento. Fica claro que temos aí uma conexão com o Norte, já que a cadeia de madeira é presente na região. Estamos falando de produtores de sementes, empresas de reflorestamento, o concessionário de uma área florestal.



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