Cadê os gringos? Após reforma, estrangeiro não voltará à Bolsa tão cedo

Para o mercado, uma entrada maciça de recursos ainda depende de novas medidas e uma melhora acentuada da economia

A aprovação definitiva da reforma da Previdência no Congresso ajuda, mas não é o que vai trazer de volta o investidor estrangeiro que saiu da bolsa brasileira. Para agentes do mercado, uma entrada maciça de recursos externos está mais condicionada ao que vem a seguir: novas medidas de ajuste fiscal e uma recuperação concreta da economia.

Até se espera um fluxo pontual do dinheiro gringo na terça-feira (os dados ainda não foram divulgados), dia em que o Ibovespa voltou a quebrar recordes de pontuação e o dólar teve uma queda acentuada. Este movimento atípico (já que quando um sobe, o outro costuma cair) pode indicar a entrada de dinheiro estrangeiro, segundo analistas da Rico. Hoje, estes recursos representam 45% do total aplicado na B3.

No dia em que isso aconteceu, o Senado aprovou o texto-base da reforma da Previdência por 60 votos a 19, preservando uma economia prevista de 800 bilhões de reais nos próximos 10 anos. Foi o que fez o principal índice da B3 fechar acima dos 107 mil pontos pela primeira vez na história, enquanto o dólar caiu 1,32%, a 4,07 reais. 

Saída de recursos

No acumulado de outubro até o dia 21, houve uma saída de 11,11 bilhões de recursos estrangeiros no mercado secundário da B3, que exclui as ofertas iniciais de ações. No ano, o fluxo gringo na bolsa paulista está negativo em 5,93 bilhões de reais, somando os mercados primário (ofertas de novas ações) e secundário. 

O que se dizia até então era que o gringo estava apenas aguardando a aprovação definitiva da Previdência para voltar à bolsa. Agora que isso aconteceu, o consenso é que o retorno será mais lento do que se imaginava a princípio.

O que falta para o estrangeiro voltar?

A economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, defende que a conclusão da reforma, por si só, não é capaz de desencadear uma entrada imediata de recursos estrangeiros, mas a agenda de novas medidas que se abre pavimenta o caminho para isso.

“O que vai fazer a entrada acontecer serão dados mais concretos de crescimento da economia, e já vemos sinais de que isso está acontecendo”, diz. Solange acrescenta que o novo cenário abre espaço, inclusive, para revisar as projeções para o PIB brasileiro para cima.

Para o presidente e sócio da Canepa Asset Management, Alexandre Póvoa, só haverá uma entrada mais sólida de recursos externos quando os sinais de crescimento da economia forem retomados. “É isso o que puxa o lucro das empresas e atrai investimento estrangeiro”, diz.

Ele acrescenta que a desaceleração de grandes potências pode acabar beneficiando o Brasil. Isto porque o receio de uma recessão tem levado Bancos Centrais a reduzirem as taxas de juros lá fora a um ritmo mais acelerado, que já se encontram em níveis historicamente baixos. 

Este movimento incentiva o fluxo de estrangeiros para praças emergentes como o Brasil. “Não acredito em uma grande entrada de recursos no curto prazo, mas este processo virá cedo ou tarde”, diz.

Continue lendo

Recomendados

Desenvolvido porInvesting.com
Mercado, Todos

Notícias relacionadas

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Preencha esse campo
Preencha esse campo
Digite um endereço de e-mail válido.
Você precisa concordar com os termos para prosseguir

Menu