Cai número de fretes para os portos, mas sobe demanda interna por produtos

O setor de transporte e logística monitora dia a dia o impacto do coronavírus em sua operação. Nos dois primeiros meses de 2020, segundo a empresa FreteBras, os efeitos da crise foram sentidos principalmente nas importações e exportações. 

Em pesquisa feita em sua base de mais de 400.000 fretes mensais, a empresa monitorou o movimento em cinco grandes portos do país: Santos (SP), Paranaguá (PR), Suape (PE), Tubarão (ES) e Rio Grande (RS). Em janeiro e fevereiro de 2020, a empresa notou que 22% menos caminhoneiros transitaram pelos cinco portos em comparação com novembro e dezembro de 2019. 

O Porto Rio Grande é o mais afetado com 50% de queda, seguido por Santos (28%) e Tubarão (23%). O número de fretes com origem e destino para os portos também caiu em 7%. Em março, a expectativa é de uma queda mais acentuada. “Os caminhoneiros autônomos estão preocupados. Se não trabalham, não ganham. E se eles param, os produtos deixam de chegar nas farmácias e mercados”, diz Bruno Hacad, Diretor de Operações da FreteBras. 

Demanda interna aumenta

Com mais pessoas estocando produtos em casa, a indústria tem demandado mais fretes. Segundo levantamento interno da plataforma Cargo X, que tem, em média, 70.000 pedidos por dia, o número de fretes de produtos industriais no último mês aumentou 10%. “Indústrias de comida, bebida e farmacêutica estão enviando muitos carregamentos”, diz Federico Vega, presidente da companhia.

A Fretefy, empresa de Curitiba especializada em facilitar a logística para grandes embarcadores, também notou aumento na demanda na terceira semana de março em comparação com o mesmo período de fevereiro. No total, subiu em 50% o número de fretes.

O segmento de higiene e limpeza foi o que registrou maior demanda, com alta de 90% no volume de cargas. Depois, o transporte de alimentos como feijão e arroz aumentou em 35%. Hortifruti, congelados e resfriados tiveram crescimento de 30%, enquanto bebidas aumentaram de 15 a 17% no período analisado.

Mesmo com mais cargas circulando, alguns estabelecimentos comerciais estão com prateleiras vazias nos últimos dias. Josney Komiak, gerente de Costumer Sucess do Fretefy, diz que esse desabastecimento dos supermercados e farmácias neste momento é pontual. “As pessoas estão ansiosas, as lojas não conseguem reabastecer rapidamente as gôndolas”, diz 

Na visão da empresa, a retração no número de cargas e produtos em circulação só deve acontecer nas próximas semanas, como reflexo da política de menor circulação. “As pessoas não vão trabalhar na indústria, então o item não vai ser produzido e transportado até o cliente final”, diz Komiak. 

A Fretefy estima uma diminuição de 5 a 10% nas cargas que chegam para abastecimento em grandes centros nas próximas semanas.

Caminhoneiros não pretendem parar

Na Cargo X, mesmo com o número de cargas aumentando, a base de motoristas buscando frete caiu 10% na semana passada. Com isso, o preço aumentou e há motoristas fazendo mais viagens que o habitual. “Os caminhoneiros autônomos precisam de reconhecimento. Mesmo sem ter o melhor acesso aos hospitais, eles estão lá, na estrada”, diz Vega.

Os caminhoneiros não pretendem sair da estrada. A plataforma Truckpad, que conecta motoristas autônomos com cargas, fez uma pesquisa dentro do seu aplicativo com 300 motoristas, segmentados por tipo de caminhão e área de atuação. “Os motoristas foram categóricos afirmando que não vão parar, eles são a banda que toca enquanto o Titanic afunda”, diz Carlos Mira, presidente da companhia.

Alguns motoristas disseram que iam se aprofundar na questão do coronavírus e outros pediram para que postos de gasolina ofereçam álcool gel e um lugar para lavar as mãos com água e sabão. “Não acredito que eles vão evitar circular. Então isso não deve afetar o transporte de produtos de grande necessidade, como fármacos e alimentos”, diz Mira. 

Para ajudar durante a crise, a Truckpad anunciou que vai se encarregar do frete de doações para hospitais e entidades de saúde. Quem quiser doar, pode entrar em contato com a empresa. Ela irá localizar e pagar o caminhoneiro mais próximo da doação para realizar a entrega. Os pedidos podem ser feitos no site. 

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