Ex-governador fomentou guerra de nervos e trouxe à baila questões fundamentais para a base do presidente no Rio, importante para as eleições 2022
Por Márcio de Freitas*
A Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia convocou o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel para depor sobre as irregularidades no combate à covid-19. E ele o fez nesta quarta-feira mesmo após conseguir autorização do Supremo para não comparecer, pois é investigado. Witzel foi cassado após denúncias de desvio de recursos durante as ações para socorrer a população fluminense.
Com falas eminentemente políticas, o ex-governador aproveitou o palanque nacional para tentar fazer um acerto de contas com o presidente Jair Bolsonaro, a quem responsabilizou por sua queda. Se disse injustiçado, mas não apresentou documentos provando as teses que sustentou diante dos senadores – e pediu uma sessão secreta. Foi questionado fortemente pelo senador Flávio Bolsonaro, que subiu o tom para se contrapor e defender o governo do pai.
A guerra de nervos serve à oposição para fomentar o terreno das teorias conspiratórias e disseminar conteúdo de comprovação incerta para a plateia. Muito do que foi falado nesta quarta sequer pode ser investigado pela CPI. É a típica audiência provocadora.
A intenção política mantém certa tensão no ar e obriga a mobilização da base governista a montar uma linha de defesa, até porque Witzel governou o Rio após ser eleito em chapa com o senador Flávio, na onda Bolsonaro.
Note-se que o Rio de Janeiro é fundamental para o projeto eleitoral de 2022. Trazer as questões da base do presidente à baila na CPI funciona como elemento de desgaste para a oposição usar contra Bolsonaro, com ganhos eleitorais futuros.
Depois de provocar, Witzel usou a licença do Supremo para se retirar no meio do depoimento. Ficou pela metade, como seu mandato de governador.
*Márcio de Freitas é analista político da FSB Comunicação
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