Chile avança em taxação de fortunas contra pandemia. Faz sentido?

A ideia de um imposto sobre grandes fortunas nunca saiu de cena e já vinha ganhando força em meio ao aumento da desigualdade no mundo, mas, durante a pandemia, o tema esquentou mais.

Nesta semana, a Câmara dos Deputados do Chile aprovou um projeto solicitando ao presidente Sebastián Piñera – empresário e dono de uma das maiores fortunas do país – a criação de um imposto com taxação de 2,5% sobre o patrimônio de super-ricos. Os recursos seriam destinados a um programa de renda básica temporário para a população mais vulnerável aos efeitos do novo coronavírus.

O texto foi aprovado por 85 votos a favor, 19 contra e 40 abstenções e teve, inclusive o apoio de deputados governistas, o que pressiona ainda mais o governo. Apesar de ter resgatado parte da sua popularidade, Piñera vem de um longo desgate diante dos protestos que se espalharam pelo país desde o final do ano passado e que tem a desigualdade como um dos alvos.

Sua atuação foi criticada pela violência policial e a convulsão social impactou também a economia. As manifestações voltaram a eclodir recentemente diante dos impactos trazidos pela pandemia.

Um terço da população de cerca de 19 milhões está em quarentena no Chile depois que o governo colocou Santiago e várias outras cidades em isolamento total. O número de infecções confirmadas por coronavírus já fica ao redor de 77.000. Enquanto isso, o sistema de saúde está perto do limite. 

Justo, porém, difícil 

Apesar da tributação sobre fortunas parecer justa do ponto de vista social,  economistas lembram que os cidadãos-alvo desse tipo de tributação, de forma geral, têm facilidade para fugir da cobrança.

“O risco de um único país adotar é que as pessoas mais ricas transfiram seu domicílio fiscal para outros países. Mesmo se adotado uma única vez, como parece ser o caso do Chile, só não terá o efeito de provocar uma saída das pessoas mais ricas se essas tiverem segurança de que esse procedimento não será novamente adotado, o que é muito difícil de fazer”, diz o economista Bernard Appy, diretor do Centro de Cidadania Fiscal (CCIF) e mentor da proposta de reforma tributária que tramita na Câmara.

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