Clientes têm dificuldade para renegociar com planos de saúde na pandemia

A quarentena imposta pela pandemia de covid-19 zerou os rendimentos do microempresário paulista Gilberto dos Santos, que trabalha com treinamento corporativo. Santos tentou um acordo com a operadora de seu plano de saúde para reduzir a mensalidade enquanto durasse a crise, mas não conseguiu. Tentou trocar de empresa para reduzir a despesa, mas teria que cumprir carência de dois anos. Conclusão: está raspando as reservas para não ficar sem cobertura.

“A SulAméria não aceitou negociar. Não estou inadimplente e nem quero deixar de pagar, mas queria reduzir a mensalidade, parcelar parte para pagar quando a crise acabar. Quando minha reserva acabar, vou ter que recorrer a um financiamento. Se mudasse de operadora iria economizar R$ 1 mil, mas operei o coração em dezembro, não posso ficar em carência”, lamenta.

A dificuldade em negociar com a operadora, diante da perda de renda, também foi relatada pela consultora em saúde Carolina Abad. “Pago em torno de R$ 600 por mês, recebi uma cobrança de coparticipação de quase R$ 400. Liguei para a Geap e pedi para parcelar apenas o valor da coparticipação, mas a única possibilidade que me deram de negociar era caso eu ficasse inadimplente. Um absurdo.”

O aposentado João Gonçalves, além de não ter conseguido negociar a mensalidade do plano de saúde dele e da mulher, acamada há 11 anos, viu o valor saltar de R$ 9.900 para R$ 12 mil na pandemia.

“Entrei na Justiça para suspender o aumento. Mesmo assim, R$ 9.900 é muito alto. Minha filha, que me ajuda a pagar, teve redução de salário. Para piorar, em maio, tivemos que pagar dois boletos, o do mês, que venceu dia 5 e o de junho, no dia 26”, queixa-se.

Falta regulação

Rafael Robba, especialista em direito à saúde, do escritório Vilhena Silva Advogados, diz que desde que a pandemia começou recebe consultas diárias de usuários da saúde suplementar atrás de orientações de como negociar a mensalidade.

“Legalmente não há nada que obrigue a negociação. Mas o que vemos hoje é que até para trocar o plano por um mais barato está sendo preciso ir à Justiça. As operadoras estão muito inflexíveis. Nos contratos coletivos com 15 dias de atraso já suspendem o atendimento; com um mês, cancelam”, diz.

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