Copom e PEC dos Precatórios movimentam Brasília nesta quarta-feira

Esta reportagem faz parte da newsletter EXAME Desperta. Assine gratuitamente e receba todas as manhãs um resumo dos assuntos que serão notícia

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pretende pautar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, com mudança no teto de gastos, nesta quarta-feira, 27. No mesmo dia, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide a nova taxa básica de juros — diante da possibilidade de furo no teto, a sinalização é de um novo aumento de mais de um ponto percentual, a ser anunciado no fim da tarde.

Pelo impacto no teto de gastos, a PEC dos Precatórios enfrenta resistência no Congresso. Os deputados se preparavam para analisar a matéria na terça-feira, 26, mas Lira decidiu adiar a votação após conversa com líderes da base. O relator, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), ainda deve conversar com parlamentares para diminuir a resistência ao texto.

O adiamento da votação da PEC, na análise da equipe de Research da Necton, traz “mais dramaticidade à tumultuada decisão do Copom”. A indefinição sobre a questão fiscal, na visão da Necton Research, tem criado “estragos profundos na estrutura à termo da taxa de juros e deve continuar criando problemas ao mercado de capitais”.

A PEC, que busca abrir espaço para a criação do Auxílio Brasil, estabelece um limite anual para o pagamento das dívidas da União e muda a regra de correção do teto de gastos, que hoje considera o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apurado entre julho de um ano e junho do ano seguinte. A apuração passa a ser feita entre janeiro e dezembro, o que afeta o cálculo do pagamento dos precatórios, que será atrelado ao mecanismo do teto.

O texto foi aprovado pela comissão especial na quinta-feira, 21, por 23 votos a 11, o que não significa que terá trânsito fácil nas próximas etapas. No plenário, ele precisará do apoio de 308 dos 513 deputados, em dois turnos de votação. Em seguida, a matéria vai para o Senado. Lá, também precisará dos votos favoráveis de três quintos do plenário; ou seja, 49 senadores.

Espaço no Orçamento

Motta anunciou as medidas dizendo que as alterações abrem um espaço orçamentário de 83 bilhões de reais em 2022 — 44 bilhões de reais pelo adiamento das sentenças judiciais e 39 bilhões de reais pela mudança na regra de correção do teto.

Mas, segundo o diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, Felipe Salto, a mudança abre uma folga ainda maior, de 94,4 bilhões para gastos do governo em 2022, ano em que o presidente Jair Bolsonaro tentará a reeleição. 

Pela regra proposta, serão pagos cerca de 41,7 bilhões de reais em precatórios em 2022, apenas parte dos 89,1 bilhões de reais devidos no ano. O corte foi calculado com base no valor que foi pago de precatórios em 2016, ano de criação do teto de gastos, com correção estabelecida pela regra do teto, que considera a variação da inflação.

Além dos 47,4 bilhões de reais de folga com o pagamento de apenas parte do precatórios, a mudança na forma de apuração do teto garante um espaço extra de 47 bilhões de reais em 2022, segundo Salto. Assim, o total liberado com o projeto chega aos 94,4 bilhões de reais calculados pelo economista. 

Com o espaço aberto no Orçamento, o governo pretende ampliar o programa Bolsa Família, que será substituído pelo Auxílio Brasil. O ministro da Cidadania, João Roma, anunciou um reajuste permanente de 20% em todas as faixas do programa. Segundo ele, nenhum beneficiário receberá menos de 400 reais mensais no ano que vem, o que será garantido por meio de um benefício transitório.

A PEC também amplia recursos para compra de vacinas contra a covid-19. “Aquilo que estava previsto no Orçamento de 2022, algo em torno de 4 bilhões de reais, não dará para comprar vacinas no ano que vem. Estamos garantindo, com movimento feito dentro da nossa PEC, algo em torno de 11 bilhões de reais para que vacinas sejam compradas”, disse o relator.

No pagamento de precatórios, a prioridade será para os valores menores. Segundo Motta, o Ministério da Economia se comprometeu a priorizar os chamados RVPs, precatórios de até 66 mil reais. Valores maiores entrarão em uma fila. 

O texto também prevê a possibilidade de parcelamento, em até 240 meses, dos débitos dos municípios com a Previdência Social. A regra vale para dívidas com vencimento até 31 de dezembro de 2020, inclusive já parceladas antes.

O parecer de Motta vai em direção diferente do que propôs o governo ao enviar a PEC. O texto original previa o parcelamento em até dez anos de parte dos precatórios, mas recebeu muitas críticas no Congresso. 

 



Continue lendo

Recomendados

Desenvolvido porInvesting.com
Economia, Todos

Notícias relacionadas

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Preencha esse campo
Preencha esse campo
Digite um endereço de e-mail válido.
Você precisa concordar com os termos para prosseguir

Menu