CPI da Pandemia: holofotes divididos entre Brasília e Manaus

Por Márcio de Freitas*

A infectologista Luana Araújo tem excelente capacidade de comunicação. É paciente e fala com clareza, tanto na dicção quanto na boa formulação de frases e metáforas. Em nenhum momento os senadores conseguiram empurrá-la às bordas da terra plana para que caísse em contradição ou em armadilhas, à esquerda ou direita.

Enfeitiçou tanto oposição quanto governistas. Era uma discípula da ciência, com método, sistema. Bem organizada, tinha dados na ponta da língua para dar informações corretas, precisas e categóricas. Sem deixar vazio, passou pela Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia preenchendo todos os espaços.

A postura dos senadores, depois da orgia de interrupções à depoente Nise Yamaguchi, na terça, mudou completamente. O espírito de Darcy Ribeiro, que cunhou a célebre frase de que o Senado era melhor que o céu porque não era preciso morrer para chegar lá, deve ter explicações múltiplas para a transformação senatorial. E todas bem humoradas.

Até pelo desempenho, Luana deixou claro que melhoraria o governo com sua participação. Ela elogiou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pelo comprometimento com o combate ao vírus SaRs-CoV-2. Foi leal. E fez defesas enfáticas de medidas que não tem respaldo do governo como um todo. Nisso mostrou diferença gritante, mesmo tentando evitar ser usada como instrumento de ataque ao presidente Jair Bolsonaro.

A novidade do dia, entretanto, não foi da CPI, mas de operação da Polícia Federal em Manaus, tendo como alvo o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSB). Haverá holofotes divididos nos próximos dias para essa questão, e eventuais novas investidas em outros estados. Quanto mais confusão pelo país, menos atenção à CPI do Senado.

*Márcio de Freitas é analista político da FSB Comunicação



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