Crise de energia abala o mundo (e o Brasil) e ameaça retomada; entenda

Alta demanda por gás e petróleo gera crise de energia no mundo

Alta demanda por gás e petróleo gera crise de energia no mundo (Anton Petrus/Getty Images)

Ao parar em um posto de gasolina há duas semanas, o americano John Peterson, de Oaklahoma City, ficou estarrecido: o galão do combustível havia subido para mais três dólares. “Estávamos acostumados a gasolina barata e essa escalada de preços está surpreendendo”, diz. Nos Estados Unidos, as remarcações na bomba de combustível não têm parado pelo menos desde janeiro, acompanhando o que tem acontecido em boa parte do mundo.

Em setembro, o barril de petróleo atingiu 80 dólares, a maior cotação dos últimos três anos. A disparada de preços do gás natural chama ainda mais a atenção: na Europa, os aumentos já chegam a 1.000% este ano.

A alta de preços dos dois insumos está por trás por uma das maiores crises energéticas dos últimos anos, que também atinge o Brasil – embora por motivos diversos. “Aqui, a falta de chuvas provocou uma limitação grande das hidrelétricas, e, com isso, o país tem precisado importar mais gás natural para abastecer as usinas térmicas”, diz Rivaldo Moreira Neto, sócio da consultoria Gas Energy. “No resto do mundo, a retomada está impulsionando uma busca maior por combustível em um momento em que várias petroleiras quebraram nos Estados Unidos, por causa da pandemia, e a Europa sofre para conseguir gás natural”.

Os estoques do insumo já estavam baixos, principalmente na Europa, quando começou a retomada econômica. E, com a produção industrial em alta, a demanda por gás natural disparou – o produto não só abastece as usinas termelétricas como também é matéria-prima essencial para alguns dos principais setores industriais europeus, como a fabricação de fertilizantes e bebidas gasosas.

“No último inverno, que foi longo e gelado, aumentou a procura por gás para aquecimento, o que abaixou os estoques, e ao mesmo tempo há limitações na produção na Rússia e Noruega”, diz Laura Page, analista sênior da consultoria multinacional Kpler, em entrevista à EXAME.

Na falta de gás, os países têm recorrido ao petróleo, já que o diesel pode ser utilizado em ao menos parte das usinas. “Acreditamos que o barril de petróleo pode chegar a 90 dólares até o final do ano, com impactos na inflação global”, diz Matt Smith, especialista em petróleo da Kpler. “Os governos talvez não estivessem preparados para um aumento tão grande, o que vem provocando até desencontros sobre como atuar para manter a inflação sob controle e garantir o abastecimento de combustível”.



Continue lendo

Recomendados

Desenvolvido porInvesting.com
Economia, Todos

Notícias relacionadas

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Preencha esse campo
Preencha esse campo
Digite um endereço de e-mail válido.
Você precisa concordar com os termos para prosseguir

Menu