Uma das tendências da economia é a multiplicação de empresas dos mais variados ramos oferecendo serviços e produtos financeiros como contas digitais, cartões, adquirência e empréstimos. São atividades que, poucos anos atrás, eram prerrogativa de grandes bancos e instituições financeiras especializadas, mas que ganham tração com a redução do custo de tecnologia e mudanças regulatórias como o Open Banking, que já está em vigor.
De olho nessa tendência, uma das empresas mais tradicionais do setor, com atuação em processamento de cartões e soluções de meios de pagamento, decidiu em uma nova frente de negócios: a CSU (CARD3) lança a mercado a Blue C Tehcnology, uma unidade que vai atuar com BaaS (Banking as a Service), ou seja, providenciar a estrutura para que empresas dos mais variados setores e perfis possam oferecer serviços financeiros, em uma solução white label.
A informação da nova unidade acaba de ser informada ao mercado, nesta noite de terça-feira, 22, por meio de fato relevante.
Em paralelo, será lançado em breve um marketplace de serviços financeiros, por meio de parcerias com outras instituições, de bancos a fintechs. O investimento previsto deve chegar a 150 milhões de reais.
Quer inovar no seu negócio? Aprenda com quem conhece na prática: os fundadores da ACE Startups
A decisão estratégica de das fontes de receita, já anunciada no ano passado, já começa a ser precificada nas , que estão em trajetória de alta há pelo menos um ano e meio. Neste ano, a valorização da small cap é de 55%.
“É um negócio que tem o potencial de se tornar muito rapidamente uma unidade autônoma em termos societários, permitindo que a CSU possa capturar muito valor”, disse Ricardo Leite Ribeiro, diretor-executivo de Relações com Investidores da CSU, à EXAME Invest. A referência, portanto, é já a um potencial e futuro IPO da unidade.
Segundo ele, a valorização das ações nos últimos meses é um reconhecimento de investidores ao posicionamento da empresa em produtos e soluções digitais e a uma série de novidades, como o primeiro investimento em M&A (fusões & aquisições), na fintech Fitbank, anunciado no fim de março. Mas, para Ribeiro, “muito pouco” do potencial de crescimento implícito com a nova unidade de negócios foi incorporado ao das ações.
Nas estimativas da CSU, o mercado de Banking as a Service deve chegar a 8 bilhões de reais em um período de cinco anos, o que ajuda a explicar as motivações da companhia em abrir uma nova frente de negócios.
“A nossa visão é que o open banking e o banking as a service serão tendências majoritárias e dominantes, seja para a área de pagamentos como de crédito”, afirma o executivo com 20 anos de carreira na CSU.
O open banking, que permite o compartilhamento das informações de cada cliente com a sua devida autorização, abre caminho para que empresas de diferentes setores possam ofertar serviços e produtos customizados.
Para Alexandre Pinto, recém-chegado à CSU para ser o diretor da Blue C Technology, a oferta de serviços financeiros por empresas de outros setores que não as redes varejistas e de e-commerce representa a terceira onda de inovação do sistema financeiro no país, mais direcionada para o B2B, ou seja, para o relacionamento entre empresas.
A primeira onda, segundo ele, foi o nascimento e o crescimento de fintechs “puras”, como Nubank e PicPay. A segunda teve a oferta de serviços financeiros por empresas de e-commerce e varejo como Mercado Livre e Magazine Luiza (MGLU3).
“Há muitas oportunidades para a indústria, empresas de seguros, concessionárias de serviços públicos, grupos educacionais etc. Essa operação pode se tornar um dos drivers de crescimento da CSU”, afirma Pinto.