De R$ 4,10 a 4,50, qual é o novo patamar do dólar?

A expectativa mediana do mercado, apresentada no último boletim Focus, é a de que a moeda encerre 2020 cotada a um valor bem abaixo do atual, a 4,20 reais

São Paulo — O dólar quebrou mais um recorde de fechamento no começo desta semana. Cotada em 4,487 reais, a moeda americana se valorizou 0,127%% frente ao real e fechou o pregão de segunda-feira (2) em alta pelo nono dia consecutivo.

Apesar da sequência extensa de apreciação, no exterior, a moeda americana arrefeceu em relação às principais divisas do mundo ontem. Com um corte de juros por parte do Federal Reserve dado como certo por parte dos investidores, o índice Dxy (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas estrangeiras) perdeu força pelo terceiro dia seguido.

Para o ministro da Economia, Paulo Guedes, juros baixos e dólar alto é o “novo normal” do Brasil. Mas a recente dinâmica do câmbio tem feito o mercado se perguntar: qual é o novo patamar do dólar?

A expectativa mediana do mercado, apresentada no último boletim Focus, é a de que a moeda encerre 2020 cotada a um valor bem abaixo do atual, a 4,20 reais. Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos vê a cotação atual como “muito cara” e inflada pelos efeitos do coronavírus (Covid-2019).

Sidnei Nehme, analista de câmbio da corretora NGO, vê parte da recente valorização como consequência da fuga de capital externo do mercado financeiro local. Sem contar as operações de IPOs e follow-ons, os investidores estrangeiros retiraram 36,76 bilhões de reais da bolsa brasileira nos dois primeiros meses do ano. A quantia representa 82,6% da saída de 2019 inteiro. Outro motivo seriamas especulações ancorados nas falas de autoridades econômicas do Brasil.

“’Câmbio alto permite qualquer preço?’, parece que a resposta do mercado é sim, visto que atropelou todas as intervenções do BC com oferta de swaps cambiais e oferta de linhas e não há convicção de que o movimento especulativo seja contido com facilidade”, afirmou Nehme em relatório.

Hoje (3), representantes dos bancos centrais dos países que integram o G-7 irão debater os rumos da política monetária para tentar conter os impactos da doença na economia. Caso o resultado da reunião aponte para maiores estímulos à economia, a alta do dólar pode ser freada no curtíssimo prazo.

No longo prazo, Nagem enxerga a contenção do coronavírus como o motor principal para a queda do dólar. “[A cotação atual] já está meio fora da curva. Acho que se [a doença] for controlada, a moeda pode cair para 4,20 reais ou, no mínimo, 4,10 reais. Abaixo de 4 reais é impensável”, disse. Nesse cenário, a entrada de dólares poderia vir via bolsa, de acordo com Nagem. “O Ibovespa caiu muito e abriu algumas oportunidades de compra. Isso pode trazer de volta o capital que teve fuga.”

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