Demanda deve manter o preço da carne alto nos EUA, diz JBS

A JBS (JBSS3) espera que a margem das operações nos Estados Unidos permaneça em níveis historicamente altos nos próximos trimestres.

“A demanda pelas três proteínas [de boi, porco e frango] continua muito positiva. O mercado americano é diretamente impactado pelo preço mundial e a demanda mundial está bastante forte, principalmente na Ásia. Não há nada no cenário que indique que isso vai mudar”, disse André Nogueira, CEO da JBS USA, em conferência com investidores após a divulgação do resultado do quarto trimestre.

A JBS Beef USA, principal divisão do grupo, teve receita de 41,87 bilhões de reais no quarto trimestre, 38,3% acima do registrado no mesmo período de 2020.

Do ponto de vista operacional, driblar a inflação está entre os principais desafios da companhia. “A pressão inflacionária é brutal em diversas partes do negócio. O custo de produção nos Estados Unidos foi de 30% a 40% maior do que no quarto trimestre de 2019 [antes da covid-19]”, comentou Nogueira.

O CEO, porém, espera que a demanda do consumidor americano sustente o repasse de preços nas diferentes linhas de negócio. “As margens continuam bastante favoráveis.”

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Nogueira ainda indicou que as vendas no mercado americano de carne, boi e frango no primeiro trimestre de 2022 devem crescer na comparação anual.

A divisão JBS Beef USA encerrou 2021 com margem Ebtida de 17,7%, com alta de 6,2 ponto percentual frente a 2021. As margens, segundo Nogueira, foram “excepcionais” e devem ser mais baixas em 2022, ainda que acima do nível histórico.

A situação é diferente nas operações brasileiras, onde a empresa tem sentido dificuldade em repassar a alta de custos em razão do cenário macroeconômico. Em 2021, a margem Ebitda da Seara caiu 5,2 ponto percentual, ficando em 10,6%. A perspectiva é de que os efeitos da guerra sobre o preço de de grãos aumente os desafios da empresa.

“Sem dúvida nenhuma, a guerra na Ucrânia traz pressão para todo tipo de grão, já que uma região importante para o milho, trigo e girassol”, afirmou Wesley Batista Filho, presidente da JBS para América Latina, Oceania e para negócios de plant-based.

A expectativa de Batista Filho é de que a pressão de custos se concentre, principalmente, até o segundo trimestre, quando espera que a safrinha arrefeça os preços dos grãos no Brasil.

“Vemos o cenário global pressionado no ano como um todo, especialmente até a safrinha. Haverá um impacto importante na inflação de custos da Seara.” Para tentar reverter parte do efeito esperado sobre a rentabilidade, a Seara tem investido na diversificação de produtos. Linha de cortes a base de proteína vegetal, o Levíssimo Seara e o Frango de Padaria estiveram entre as últimas novidades da marca. A Seara também criou uma nova linha no segmento de peixes e frutos do mar, que por sinal, tem sido um dos principais focos da JBS global.

“[A participação] ainda é pequena no portfólio da empresa, mas representa uma decisão estratégica muito importante”, disse Guilherme Cavalcanti, CFO global e diretor de relações com investidores da JBS. Na metade de 2021, a JBS comprou a Huon Aquaculture por 315 milhões de dólares, dando início a produção própria de pescados. 

“É a proteína mais consumida do mundo e com a maior taxa de crescimento entre as animais. Com a pesca ‘selvagem’ diminuindo, todo o crescimento será dado pela aquicultura. Há uma oportunidade de crescimento muito grande”, disse Cavalcanti. “Queremos que com esse negócio o que fizemos com suínos e frangos. A importância [da aquicultura] dentro da companhia é dessa dimensão.”

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