Demanda em crédito privado supera em até 3 vezes a oferta, diz SulAmérica

A indústria de pode alcançar neste ano seu melhor resultado da história. Já são 152 bilhões de reais captados em novas emissões apenas no primeiro semestre de 2021, segundo dados da Anbima, a associação que reúne as entidades do mercado. Se o ritmo for mantido nos próximos meses, será um ano de recorde histórico de emissões. 

De olho nesse filão, a SulAmérica Investimentos mais que dobrou a equipe dedicada a esse mercado, passando de três para sete analistas dedicados ao setor. Atualmente, a gestora conta com 7 bilhões de reais alocados em produtos de crédito privado dentro de um portfólio total de 46 bilhões de reais.

Daniela Gamboa, head de crédito privado da SulAmérica (ex-BankBoston, Itaú BBA e Kinea), destaca que a parcela dedicada a crédito privado já é relevante dentro da asset, mas que ainda há espaço para crescimento. 

“Nós temos abertura para conquistar ainda mais espaço no mercado, não só nos produtos que temos hoje dentro da casa, mas também com o lançamento de novas ”, afirma.

“Temos uma visão bem positiva para o mercado bancário e corporativo, principalmente para as emissões de primeira linha, com baixo risco. Seguimos vendo uma demanda elevada por novas emissões, muitas vezes superando em duas ou três vezes o volume da oferta”, conta a gestora.

Uma das apostas para crescer no segmento é apostar em fundos ESG, que seguem critérios ambientais, sociais e de governança. No início de 2021, a gestora lançou a lançou a família SulAmérica Crédito ESG, que contém dois fundos: um destinado a investidores qualificados, o SulAmérica Crédito ESG FI RF CP, e outro para o segmento institucional, o SulAmérica Crédito ESG Institucional FI RF CP. 

“O número de fundos de crédito privado ESG no mercado ainda é muito limitado. Então nosso objetivo é dar destaque para uma estratégia que já aplicamos dentro de casa há bastante tempo”, afirma Gamboa.

Em entrevista à EXAME Invest, Gamboa detalha as razões para o crescimento do crédito privado no mercado brasileiro e fala sobre os planos da SulAmérica para aproveitar a maré favorável.

O que fez a SulAmérica voltar suas atenções para o crédito privado?

A ampliação da equipe foi um projeto estratégico justamente por vermos potencialidade nesse mercado. Temos hoje 7 bilhões de reais sob gestão em crédito privado e, apesar de não colocarmos uma meta clara em números de até onde podemos crescer, entendemos que há abertura para conquistar espaço no mercado.

O que explica o crescimento desse mercado?

Houve um aumento na captação dos fundos de crédito privado nos últimos meses com a alta da [taxa básica de juros da economia]. No início do ano, com a Selic em 2% ao ano, o investidor estava confortável em procurar opções mais arriscadas de investimento, como a . Agora, com a projeção da Selic se encaminhando para 6,75% ao ano, quem aplica começa a ficar mais tranquilo em deixar o dinheiro na . Outro ponto interessante é o próprio retorno do segmento, que tem sido muito atrativo. 

É importante dizer também que este é um mercado que hoje está muito mais desenvolvido. Quando comecei na área, há 20 anos, não havia negociações relevantes no mercado secundário. Se o gestor comprasse um título com prazo de vencimento de cinco anos, ele teria que carregar esse papel por cinco anos. Inibia a gestão ativa. Hoje é possível aplicar diversas estratégias que precisam de uma equipe qualificada e dedicada a isso.

Houve também um impacto com a chegada de novos investidores, correto?

Com certeza. Para a indústria isso é uma oportunidade, porque há uma migração da poupança para o mundo de investimentos e, muitas vezes, o mercado de crédito privado é a porta de entrada para esse investidor. Isso porque muitos produtos têm liquidez mais imediata [similar à da poupança]. E a partir do momento que o investidor gosta dessa classe de ativo, pode ir migrando para produtos com prazos de resgate maiores.

Quais são as tendências para o mercado de crédito privado? 

Temos uma visão bem positiva para o mercado bancário e corporativo, principalmente para as emissões de primeira linha, com baixo risco. Seguimos vendo uma demanda elevada por novas emissões, muitas vezes superando em duas ou três vezes o volume da oferta. Isso gera uma tendência de fechamento do spread e consequente aumento do do papel, trazendo um ganho para o investidor que possui o título. 

Além disso, o fundamento é muito forte. A economia está voltando a crescer e as empresas estão saindo muito fortalecidas dessa pandemia. Observamos na prática a capacidade das grandes companhias de captarem recursos, navegando bem por esse teste de estresse.

E quais são os próximos passos da SulAmérica no mercado de crédito?

Queremos trazer mais classes de ativos para dentro do fundo e começamos isso com o lançamento neste ano da maior família de fundos ESG do mercado. O número de fundos de crédito privado ESG no mercado ainda é muito limitado, então nosso objetivo é dar destaque para uma estratégia que já aplicamos dentro de casa há bastante tempo.

A SulAmérica é signatária do PRI [Principles for Responsible Investment, rede de investidores em prol da sustentabilidade] há mais de 10 anos, e nós já usamos abordagem ESG integrada para todos os emissores.

Em tese todos os nossos fundos já são ESG. Adicionamos o rótulo nesses fundos específicos porque eles contam com uma metodologia extra desenvolvida em parceria com a consultoria Resultante, que seleciona os melhores emissores em critérios ESG dentro dos seus setores. É preciso ser acima da média para entrar nesses produtos.

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