O dólar recua frente ao real, nesta terça-feira, 23, com o maior apetite a risco nos mercados globais, após dados econômicos da Europa terem ficado acima das expectativas. A confirmação de que o acordo comercial entre China e Estados Unidos está “intacto” também contribui para o tom positivo no exterior. No radar dos investidores locais, também está a ata do Copom. Às 9h40, o dólar comercial caía 1,3% e era vendido por 5,203 reais, enquanto o dólar turismo recuava 1,1%, cotado a 5,50 reais.
Divulgada nesta manhã, a ata sinalizou a possibilidade de mais um corte de 0,25 ponto percentual na próxima reunião. No entanto, segundo o documento, a atual taxa básica de juros, de 2,25% ao ano, já está próxima do limite efetivo mínimo, “a partir do qual reduções adicionais poderiam ser acompanhadas de instabilidade nos preços de ativos e potencialmente comprometer o desempenho de alguns mercados e setores econômicos”.
Para Vanei Nagem, a sinalização do Copom foi positiva para o mercado de câmbio. “Havia alguma expectativa de até mais dois cortes. Mas agora ficou bem claro que vão fazer, no máximo, só mais um corte de 0,25 p.p. e encerrar a sequência de quedas”, disse,
Cortes mais agressivos poderiam pressionar a moeda local, tendo em vista que os títulos públicos se tornariam ainda menos atrativos para investidores estrangeiros em busca de ganhos com renda fixa.
Nagem também considerou positivos os dados europeus, em especial os da Alemanha, considerada o principal motor da zona do Euro. Por lá, o índice de gerente de compras composto (PMI, na sigla em inglês) de junho ficou em 45,8 pontos, pouco abaixo dos 50 pontos que limita a expansão da contração da atividade econômica, mas acima da projeção de mercado de 44,2 pontos.
Na Zona do Euro como um todo, PMI composto ficou em 47,5 pontos, também acima das expectativas, que eram de 42,4 pontos. Os dados da França e do Reino Unido foram ainda melhores, chegando a apontar para alguma expansão da atividade, principalmente fabril. Nesses dois países, o PMI industrial ficou levemente acima dos 50 pontos.
A confirmação do presidente Donald Trump de que o acordo comercial com a China permanece “intacto” também dá maior segurança aos investidores migrarem para ativos de maior risco. A mensagem foi uma tentativa de acalmar os ânimos, após o conselheiro comercial da Casa Branca, Peter Navarro, afirmar, na véspera, que acordo estava “acabado”.
The China Trade Deal is fully intact. Hopefully they will continue to live up to the terms of the Agreement!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) June 23, 2020
No exterior, o dólar se desvaloriza contra as principais moedas emergentes, como o peso mexicano, o rublo russo e a rúpia indiana. O índice Dxy, que mede o desempenho da moeda americana contra divisas fortes, como o euro, o iene e a libra esterlina, recua quase 0,5%.