O dólar avança contra o real, nesta quarta-feira, 6, após a agência de classificação de risco Fitch ter rebaixado a perspectiva para a nota de crédito do Brasil de estável para negativa. Segundo a agência, a piora do cenário econômico e político justificaram a decisão. Por aqui, os investidores também aguardam a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que será divulgada por volta das 18h. A expectativa é de um corte de 0,5 ponto percentual a 0,75 p. p..
Às 13h20, o dólar comercial subia 1,9% e era vendido por 5,697 reais. Com isso, a moeda americana caminha para bater o recorde nominal de fechamento que é de 5,6681 reais. O dólar turismo avançava 0,2%, cotado a 5,92 reais.
Segundo Fabrizio Velloni, chefe da mesa de câmbio da Frente Corretora, vê o rebaixamento da perspectiva para o Brasil como mais um agravante para o investidor estrangeiro não colocar dinheiro no país. “Isso atrapalha o dólar. A pressão política gera mais um fator de desconfiança. Isso é precificado”, disse,
O iminente corte da Selic também ajuda a pressionar o dólar, uma vez que que os títulos públicos ficam menos atrativos para os investidores estrangeiros. “[Se cortarem os juros,] vai ser tiro no pé total. A situação macroeconômica de hoje não nos permite cortar mais os juros. Isso acaba pressionando o câmbio, que já está muito fora da realidade”, afirmou.
Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos, vê o corte, que já era bastante esperado, como parcialmente precificado. “Mas existe o reflexo do dia. [A decisão] é hoje”, disse. Segundo ele, a expectativa de que as quarentenas possam ser expandidas no Brasil, especialmente em São Paulo, também adiciona tom negativo no câmbio.
No exterior, o clima é negativo, com os investidores repercutindo os dados sobre desemprego divulgados pelo instituto ADP, que apontaram para o fechamento de 20.236 milhões de empregos privados, em abril. A projeção do mercado era de que o número ficaria em 20 milhões.
Com a piora do humor nos mercados globais, a moeda americana também se valoriza frente à maioria das moedas do mundo. Entre principais divisas emergentes, como o peso mexicano, o rublo russo, a lira turca, o rand sul-africano e a rúpia indiana, todas perdem valor contra em relação ao dólar, nesta quarta. Moedas fortes, como o euro e libra esterlina também se desvalorizam.