Ele criou a empresa para bancar sonho de infância e fatura R$ 72 milhões

Para o paulistano Fernando Possetti, criar a própria empresa foi consequência do sonho que alimentava desde a infância: pilotar carros de rali. “Sempre soube que precisaria trabalhar para ganhar dinheiro por isso. Meu propósito de negócio era ganhar dinheiro para fazer rali”, afirma o empreendedor.

E, após 15 anos, a Hidrodomi, que fornece produtos químicos para tratamento de água de consumo humano e animal a estações públicas, fatura 72 milhões de reais – com previsão de chegar a 150 milhões de reais até 2023. Tanto otimismo nas estimativas é porque, só no último ano, o crescimento foi de 55%.

Como tudo começou

Pode parecer que o caminho rumo às competições começou aos 26 anos, quando decidiu arriscar a ideia com outro sócio (cujo pai já tinha experiência no segmento).

Mas há outro fator quase tão decisivo para a realização dos planos: juntos desde 2002, quando cursavam faculdade em Ribeirão Preto (SP), Cristina Starling foi quem cedeu o próprio carro após o casamento.

“Eu tinha um Toyota Corolla e ela tinha um Honda Fit. E, na lua de mel, eu já estava olhando e pensando naquele carro. Já pensava: ‘aquele Honda Fit, não sei, acho que vai acabar virando um Mitsubishi TR4’. Na época, o SUV era muito desejado. E ela concordou. Em 2010, nós fizemos a troca e corremos a primeira etapa em 2011”, diz.

Contrariando as próprias expectativas, o casal quase ficou com a última colocação – e disputavam cerca de 120 veículos. Só que isso foi o suficiente para instigar os dois a participarem outras vezes.

Tanto que, na competição seguinte, após treinar e analisar o que tinha acontecido de errado, a dupla levou a quarta posição na prova realizada pouco depois, em Brasília (DF).

“Um detalhe bem interessante é que sempre gostei muito daquelas competições na escola, com pódios e medalhas. Eu adorava essa competitividade. Mas, depois de uma fase da vida, já não existe mais isso. Eu pensei que nunca mais disputaria nada. E, no dia que eu subi ao pódio, quase escorreu uma lágrima. Foi emocionante, mesmo na categoria de entrada”, afirma.

Pais durante as competições

Nem mesmo a maternidade impediu as participações nas competições por todo o Brasil – mesmo que, para isso, tivessem que levar os sogros e Cristina se organizasse para amamentar o bebê entre corridas.

Como resultado, foram vice-campeões da categoria Turismo, o que motivou a disputar as divisões mais avançadas. E, em 2014, quando começaram a surgir os melhores resultados nas provas da Mitsubishi e chegaram ao Rali dos Sertões, o casal teve o segundo filho.

“Conseguimos o vice-campeonato na categoria de regularidade [que, como o próprio nome indica, leva em consideração a constância no ritmo] e, depois, vencemos em 2017. No ano seguinte, migramos para provas de velocidade [no qual vence quem for mais rápido]. Participamos do Rali dos Sertões em 2018 e 2020, enquanto a Mitsubishi Cup veio em 2019”, diz Possetti.

Quanto custa brincar de rali

De acordo com o empresário, todos os recursos para as competições vieram do próprio bolso – que, nas categorias de entrada organizadas pela Mitsubishi, demanda pouco investimento e apenas um carro da marca, mas pode ultrapassar os 250.000 reais nas divisões de elite. Já no caso da L200 Triton Sport RS, como a utilizada pelo casal, supera facilmente os 200.000 reais.

Carro de rali da Mitsubishi Sonho de infância: empresa surgiu para bancar o desejo de competir

Sonho de infância: empresa surgiu para bancar o desejo de competir (Mitsubishi/Divulgação)

“Retorno financeiro, no Brasil, é quase impossível. Então, a gente tem que trabalhar para gastar aqui. É um hobby. E o que o rali traz? Amizades e networking. Existem muitos empresários e pessoas com altos cargos que criam um grupo de amizades muito interessante.

Nunca cheguei a fechar negócio com alguém do rali e que envolvesse a minha empresa. Mas a gente mapeia o que cada um faz e tenho um amigo aqui cuja empresa tem uma sinergia muito grande com a minha. E falo muito de negócios com ele, até porque estamos no mesmo segmento.

E tem que aprender a lidar com frustração, que faz parte da vida do empreendedor. Digo para meus funcionários: ‘só acaba quando termina’. Não existe zona de conforto até terminar. É resiliência”, afirma.

Ensinamentos para os empresários

Dependendo da prova, não é incomum atravessar trechos de 300 quilômetros sem cruzar com outras pessoas, como é o caso do Rali dos Sertões.

E, durante os trajetos – repletos de lama, chuva e estradas com condições precárias –, também podem acontecer acidentes e capotagens. Com esses cenários, um simples pneu furado significa parar sob temperaturas de 45°C.

“São áreas muito inóspitas pelas quais jamais passaríamos, porque não existe um turismo que leve até esses lugares. Passamos a conhecer um país que não conheceríamos normalmente. E também existe o contraste de realidades, já que, infelizmente, há muita desigualdade social. É interessante porque, ver isso, lembra como somos privilegiados e também cria um senso de responsabilidade, uma necessidade de fazer algo em relação àquela situação”, diz o empreendedor.

De olho no agronegócio

Do ponto de vista dos negócios, Fernando Possetti já definiu quais serão os próximos passos: separar a operação destinada ao tratamento de água para consumo animal (que já lidera o segmento de avicultura no Brasil) e, de médio a longo prazo, desenvolver medicamentos veterinários.

Neste ano, também fundou a Ponsor, uma companhia de fertilizantes e produtos agrícolas, para aproveitar o bom momento da agricultura no país. E, de acordo com as estimativas do paulistano, todo o grupo deverá alcançar faturamento de 300 milhões de reais em até cinco anos.

“Falando de trabalho, hoje, óbvio que temos outras prioridades de família e de conforto. Mas meu foco e propósito é ganhar dinheiro para conseguir continuar competindo em rali com carros de ponta. Essa é a essência do meu dia e eu trabalho pensando nisso. Quero ir avançar às próximas categorias e disputar com pilotos mais experientes, andando próximo a eles, afirma.



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