Eletrobras: privatização avança, mas “jabutis” reduzem competitividade

Cinco anos após o início das discussões sobre a privatização da Eletrobras, a Câmara dos Deputados aprovou na segunda-feira, 21, a medida provisória que deve mudar o futuro da estatal, hoje maior geradora de energia do país. Foram 258 votos a favor, 136 contra e cinco abstenções na votação do projeto modificado no Senado dias antes. Se não fosse votada até terça-feira, 22, a proposta perderia a validade.

A privatização da Eletrobras é considerada uma das prioritárias – ao lado dos Correios – no programa de desestatização proposto pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que pouco avançou desde o início do governo. Sob o risco de chegar em 2022 vem sem nenhum processo de privatização concluído, o assunto ganhou celeridade no Congresso nas últimas semanas, mas ao custo de um projeto final cheio de penduricalhos. 

Ao mesmo tempo em que o modelo de capitalização foi definido para que o governo venda parte das ações em seu poder, especialistas avaliam que os chamados “jabutis” podem desvirtuar os objetivos iniciais, com reflexos no longo prazo para todo o país. Mas, afinal, como entender o que acontece daqui para frente?

Após o aval da Câmara, que além do texto-base votou 12 destaques, o projeto segue para a sanção presidencial, que pode derrubar emendas aprovadas no Legislativo. São esperadas ainda discussões na esfera judicial.

“Isso [a privatização] ainda vai ser muito debatido juridicamente. Devem vir ações civis, ações populares, liminares até o último minuto. Não tenho dúvida de que será conturbado. Avalio que a função do Congresso, no meio de tudo isso, é tentar fazer algo o mais robusto possível para tentar minimizar eventuais compensações que, com certeza, virão”, diz Ana Karina Souza, sócia especializada em Energia e Infraestrutura do escritório Machado Meyer.

Depois de resolvidos todos esses entraves, ainda há três passos a serem seguidos pelo BNDES:

  • Mapeamento de empresas para a contratação de due diligence contábil e jurídica, relatório de premissas para avaliação financeira e avaliação econômico-financeira para o projeto de desestatização da Eletrobras;
  • Mapeamento de empresas para a contratação de serviços de modelagem e estruturação financeira para o projeto de desestatização da Eletrobras; e
  • Mapeamento de empresas para a contratação de serviços de Avaliação Econômico-Financeira, bem como sua(s) eventual(is) atualização(ões), para o projeto de desestatização da Eletrobras.

A despeito dos trâmites para a conclusão do processo, é questão de tempo para que o Estado deixe de ser o acionista majoritório da empresa. Hoje, governo federal detêm cerca de 60% da Eletrobras e passará a ter 45% de suas ações, operação que deve render 60 bilhões de reais aos cofres públicos.  



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