Embaixador na Argentina será trazido de volta ao Brasil

Boa parte do meio diplomático foi pego de surpresa no sábado 25 com a confirmação da saída do embaixador Sérgio Danese da embaixada brasileira em Buenos Aires, considerada a segunda posição mais importante depois de Washington, nos Estados Unidos. O movimento se dá em meio à decisão do presidente Alberto Fernandéz de dar uma pausa nas negociações de livre-comércio do Mercosul. O bloco negocia atualmente com Canadá, Coreia do Sul, Líbano e Singapura. O anúncio da suspensão da participação argentina foi feito na sexta-feira 24, durante uma videoconferência com os demais integrantes do bloco.

No sábado 25, à noite, Fernandéz fez um pronunciamento sobre a crise do coronavírus e o Mercosul. O presidente argentino esclareceu que não abandonará o bloco formado por Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai. Logo depois do pronunciamento, Fernandéz deu uma entrevista ao canal de TV a cabo C5N em que voltou a falar sobre a permanência da Argentina no Mercosul.

Na véspera, o presidente havia sofrido duras críticas de diplomatas e cientistas políticos argentinos em relação à forma como foi comunicada a suspensão da participação do país nas negociações que estão sendo conduzidas pelo Mercosul. “É um disparate”, disse, referindo-se à ideia de que a Argentina poderia abandonar o Mercosul. “Buscamos a união entre os países do continente.”

Nos bastidores da diplomacia dos países latino-americanos, no entanto, chamou a atenção o anúncio das mudanças na embaixada brasileira em Buenos Aires. Danese é considerado um diplomata hábil, experiente e de comprovada competência. Foi primeiro-secretário da embaixada brasileira em Washington e conselheiro da embaixada em Paris, além de encarregado de negócios e ministro-conselheiro em Buenos Aires.

O movimento da Argentina de suspender, por ora, sua participação à mesa de negociação do Mercosul também fez com que  alguns diplomatas erguessem a sobrancelha em sinal de incredulidade. Outros entenderam que a crise econômica na Argentina pode ser um motivo forte o suficiente para o país decidir focar assuntos internos no momento. A Argentina não pagou os 502 milhões de dólares da parcela de sua dívida externa que venceu em abril e corre o risco de entrar em moratória.

Fernandéz anunciou no sábado que a quarentena do coronavírus deverá ser estendida até o dia 10, apenas com certa flexibilização em cidades menores, com menos casos. No país todo, há 3.780 infectados, a maioria em municípios com mais de 500.000 habitantes. Designar diplomatas do país para cuidar de negociações que podem levar anos até ser concluídas não estaria entre as atuais prioridades do presidente Alberto Fernandéz.

De qualquer forma, o embaixador Sérgio Danese era considerado um nome de peso frente à delegação diplomática do Brasil. Danese deverá ser substituído por Reinaldo Salgado, atual secretário de Negociações Bilaterais na Ásia, Pacífico e Rússia do Itamaraty, baseado em Brasília. Próximo a Bolsonaro e ao chanceler Ernesto Araújo, Salgado terá a missão de dar continuidade ao estreitamento da parceria histórica entre o Brasil e a Argentina.

As relações comerciais entre os dois países vão bem, mas os laços políticos não permanecem tão vibrantes. Bolsonaro não foi à cerimônia de posse de Fernandéz em 10 de dezembro de 2019. Em seu lugar, enviou o general Hamilton Mourão. Ele também não poupou críticas ao mandatário durante a campanha presidencial argentina. Danese deverá ser designado para um país com importância relevante nas relações com o Brasil, dado seu excelente currículo. Salgado, por sua vez, será alçado a um dos postos mais importantes da diplomacia brasileira. A mudança deverá ocorrer dentro de dois ou três meses.


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