Empresas estão mais participativas na COP26

“A voz das empresas cresceu muito desde Madri [local da COP25]”, afirmou Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), em abertura de painel “Business Climate Leadership in Brazil”, que a instituição promoveu em Glasgow, na Escócia, em paralelo à COP 26. “Há um movimento diferente hoje.”

Para o CEBDS, a articulação de ações e o diálogo entre as empresas permitem que a agenda climática se torne robusta e ampla.

Peter Bakker, CEO do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), que também participou do painel, diz que a ciência está sendo mais clara em relação aos reportes e a pandemia deu um choque no sistema, evidenciando o tema.

“As pessoas querem ações dos governos e isso também se reflete em pressão para as empresas”, disse. “A forma que eu descrevo esta COP, é a primeira COP de como fazer. Vemos muitos CEOs se comprometendo com as alianças. É impressionante esse comprometimento em reduzir emissões.”

Sophie Punte, managing director of policy da We Mean Business Coalition, falou sobre os desafios para a descarbonização. “Se os países do G7 se comprometerem com metas mais ambiciosas, as empresas o farão também”, afirmou. 

Andrea Álvares, Chief Brand, Innovation, International and Sustainability Officer da Natura, comentou que criar ambição coletiva é o que as empresas estão fazendo. “As empresas já entenderam o próximo passo, a necessidade de mudança para ser mais sustentável”, disse. “O custo de continuar atuando de uma forma não sustentável é insustentável”, brincou com as palavras. Para ela, as companhias têm uma voz comum para mobilizar outros atores privados e o Estado. “Somos parte da mudança, entendemos que isso é sério e precisamos agir hoje.”

Bakker reforçou a importância de mobilizar os líderes brasileiros em relação à descarbonização. “70% das emissões de um país vêm das empresas, então é preciso mobilizar os negócios locais, ter coalizões nacionais e internacionais juntas.” 

Sophie complementou ressaltando a relevância de relacionar o nacional com o internacional, engajando novos “players”, inclusive as pequenas e médias empresas, que são parte representativa da economia em muitos países. Ela disse, ainda, esperar mais países em desenvolvimento na próxima COP, a inclusão de mais indígenas, mais diversidade. “Não podemos esquecer que a sociedade vem em primeiro, e que negócios e governos estão para servir a sociedade.”

Natura na Amazônia

Relacionado ao tema da diversidade, Andrea comentou sobre a experiência da Natura na Amazônia. “É uma experiência que nos torna humildes.” Ela afirma ser fundamental abrir o mindset além dos paradigmas sobre os quais os negócios estão construídos, como a ideia de ir lá e maximizar o retorno de um único elemento sem olhar o ambiente sistêmico. É preciso cocriar.

“Na região Amazônia nós desenvolvemos competências sociais com as comunidades para a melhor forma de extrair, estabelecer preços, levando em conta o conhecimento hereditário, a forma de distribuir o dinheiro na comunidade para não ficar concentrado em uma família. Mais importante que a tecnologia é o social. Essa é a inteligência. Essa é a principal mudança de mindset. Não há como desenvolver soluções a não ser em codesenvolvimento com quem está lá.”

Por isso, ela continua, a Natura trabalha com 38 bioingredientes da região, e não um. “Biodiversificação é o centro desse modelo de negócio sustentável e precisamos escalar esse mindset, esse approach diferente.”



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