Empréstimo entre pessoas cresce no país; entenda como funciona

O impacto das fintechs no sistema financeiro se dá de variadas formas. O aumento da concorrência e a consequente redução de custos para o consumidor são duas das principais. Mas as startups também ampliam as alternativas tanto para quem busca um produto ou serviço financeiro como para quem busca fazer negócios no setor.

É o caso de fintechs que atuam na modalidade conhecida como empréstimos entre pessoas, ou P2P (peer-to-peer lending, em inglês). São startups que entram com tecnologia para análise de crédito e com plataformas digitais para fazer a intermediação entre as duas pontas.

É uma modalidade que começa a ganhar escala no país pouco mais de três depois de sua regulamentação pelo Banco Central. Uma das pioneiras e maiores é a Bullla, que entrou em operação em setembro de 2019. A fintech superou a marca de 3 milhões de reais em crédito concedido, com mais de 150 mil pessoas físicas registradas.

O crescimento do volume de empréstimos foi de 238% nos cinco primeiros meses do ano, saltando de 473 mil reais em 2020 para 1,6 milhão de reais neste ano. O número de novas pessoas cadastradas passou de 30.300 para 83.000 no mesmo período.

O modelo oferece eficiência e alcance ao famoso empréstimo em família ou entre amigos, uma vez que a análise do perfil de risco do tomador permite precificar as taxas de maneira mais assertiva, enquanto a plataforma conecta interessados como uma espécie de marketplace.

As taxas médias estão em linhas com as de mercado, mas podem ser mais baixas a depender do risco do tomador. No caso da Bullla, as taxas médias ficaram em 3,6% ao mês em maio (52,9% ao ano). Mas estão a partir de 1,5% ao mês (19,6% ao ano). Para efeito de comparação, o juro médio do crédito pessoal no país foi de 32,7% ao ano em junho.

As taxas caem conforme a nota atribuída pela fintech a quem contrai um empréstimo. São seis classificações, de AAA até D, calculadas por algoritmo em até dois minutos a partir de respostas a um questionário e o acesso a birôs de crédito. A construção de um histórico de pagamento em dia na própria Bulla também reduz as taxas para o tomador no pedido seguinte.

Os valores de empréstimo se estendem de 1.000 até 3.000 reais, com pagamento a partir de 10 parcelas mensais até 18 vezes.

Uma vez aprovado, o potencial tomador aparece na plataforma com o valor requerido, as condições de pagamento, como prazo e taxas de juros, e a sua nota de crédito. Na outra ponta, quem está disposto a emprestar – depois de passar por análise prévia também – decide a quem fazê-lo. É um investimento na forma de crédito concedido.

“O modelo é desenhado para estimular uma comunidade de bons pagadores, na medida em que todas as partes se beneficiam de juros mais baixos”, afirmou Marcelo Villela, CEO e um dos sócios-fundadores da Bullla, à EXAME Invest.

Clientes estão mais propensos a pagar em dia com juros mais baixos, o risco de inadimplência cai para quem empresta, enquanto a própria fintech se beneficia de custos mais baixos e do aumento potencial da base de clientes.

O empreendedor fala com experiência de causa: foi presidente da Losango, uma das maiores financeiras do país, voltada para o público das classes C e D.

“É uma lógica diferente da praticada por bancos e financeiras, em que os juros mais altos bancam todos os custos e as ineficiências do sistema, mas acabam dificultando o pagamento das pessoas”, disse.

Segundo ele, um dos próximos passos em estudo é viabilizar formas de acesso à plataforma de pessoas com problemas como inadimplência, algo que hoje não ocorre.

A Bullla ganha ao fazer a intermediação e com a análise de crédito, além de custos operacionais, enquanto os juros remuneram o investidor que faz o empréstimo.

Segundo Villela, o empréstimo entre pessoas deve ganhar um impulso extra com a entrada em vigor do open banking, na medida em que o acesso ao histórico financeiro de clientes permitirá fazer uma análise ainda mais assertiva do risco de cada um.

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