Enjoei entra no mercado de luxo com compra da Gringa, de Fiorella Mattheis

A economia circular também chegou ao mercado de luxo. E cresce a passos largos. De olho nessa tendência e em uma marca com “identidade única e execução primorosa”, na definição de seu CEO, o Enjoei (ENJU3) acertou a compra da Gringa, startup de intermediação e venda de bolsas, sapatos e acessórios de luxo usados fundada por Fiorella Mattheis, atriz, apresentadora e empreendedora. O anúncio foi feito nesta madrugada de sexta-feira, dia 10, por meio de fato relevante.

A aquisição foi fechada por 14,25 milhões de reais, com pagamento em dinheiro, mais 200.025 ordinárias que serão emitidas para Fiorella e outros sócios investidores (o papel fechou negociado a 3,07 reais na quinta, dia 9). Haverá ainda um earn-out, pagamento adicional que pode chegar a 7 milhões de novas ações ordinárias em 2025, a depender do atingimento de metas, para assegurar o alinhamento de interesses.

A Gringa continuará a operar como marca independente, com Fiorella à frente da operação e como embaixadora, como já acontece, mas de forma integrada à plataforma do Enjoei.

A Gringa funciona como plataforma online de artigos de luxo, com a curadoria como um dos principais diferenciais, e começou a operar em junho de 2020, em meio à pandemia. E já cresce de forma acelerada: o volume de produtos transacionados (GMV, na sigla em inglês) atingiu o valor anualizado de 18 milhões de reais em outubro, com alta anual de 330%. São mais de 140.000 visitas por mês na plataforma.

O envolvimento de Fiorella com a revenda de itens de moda não é recente. Desde 2015, ela já vendia produtos no Enjoei, montando a sua loja na plataforma na pessoa física. A ideia para montar o seu próprio negócio ganhou força a partir de experiências em 2018 com sites especializados de resale no exterior, como The RealReal e Poshmark.

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É um mercado endereçável — o de moda de luxo de second hand — que deve chegar a 10 bilhões de reais no Brasil até 2025, segundo projeções do Enjoei a partir de dados da Euromonitor. E a estimativa é que, desse montante, 2,9 bilhões de reais cheguem ao mercado de usados, tomando como base movimentos ocorridos em outros países.

A descrição da Gringa no começo do texto, sobre o valor da marca e a execução, é de Tiê Lima, CEO e cofundador do Enjoei, ao resumir os principais atributos que a startup apresentou para justificar que se tornasse o primeiro alvo de aquisição da companhia desde o IPO (oferta pública inicial, em inglês) na B3 há pouco mais de um ano.

“Fiorella criou uma marca com alto engajamento do cliente, em que vemos os mesmos princípios do Enjoei. Trouxe uma rede de influenciadoras como embaixadoras da marca, além do que ela própria faz naturalmente. Ela promove dezenas de live shops, que é uma tendência com muito engajamento. Abriu uma pop-up store no Shopping Leblon. Em resumo: ela explora o mercado de second hand em todos os seus caminhos”, resumiu Lima à EXAME Invest.

“Quando você entra na Gringa e começa a navegar como usuário, a experiência é tão encantadora que, mesmo que você não queira uma tão cara, começa a pensar se não vale comprar e parcelar”, afirmou Ana Luiza McLaren, cofundadora e presidente do conselho de administração do Enjoei.

Esse encantamento se reflete em números de engajamento elevados. Praticamente três em cada quatro bolsas e acessórios que entram na plataforma são vendidos em até três meses, o que significa que já existe uma base consolidada e qualificada que consome os produtos rapidamente. “Os princípios de efeito de rede já estão presentes”, disse Lima.

Fiorella Mattheis, fundadora da startup Gringa

Fiorella Mattheis, fundadora da startup Gringa, atriz e apresentadora | Foto: Divulgação (Enjoei/Divulgação)

Pesou também, segundo Ana Luiza, uma identificação entre as marcas. “De onde é a sua bolsa? Ah, essa é da Gringa. Porque veio de fora, da gringa. Tem uma brincadeira no nome, algo raro nesse mercado de luxo porque as pessoas gostam de falar em inglês, gostam de uma abordagem que não se conecta com o Enjoei fundamentalmente.”

A aquisição da Gringa vai gerar sinergias operacionais e ganho de rentabilidade por transação do Enjoei como um todo, que já atende do público com tíquete mais baixo até o premium por meio do Enjoei PRO.

Segundo Lima, o negócio vai gerar também sinergias de produto e tecnologia para a Gringa, o que será determinante para posicionar a marca como vencedora no segmento de second hand de luxo. Um exemplo citado é o modelo de precificação do Enjoei, que opera com uso de inteligência artificial e será estendido para a startup. Também está no plano expandir as categorias de produtos na startup.

“Esse público precisa de uma operação muito direcionada. Estamos falando de serviços, de concierge, de buscar o produto na casa da pessoa, de verificação de autenticidade, de fotografia com mais primor. São produtos com tíquete médio de 3.200 reais na Gringa que compensam o esforço para oferecer uma experiência melhor”, disse o CEO.

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