Especialistas da ONU preparam relatório IPCC sobre clima

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Representantes de quase 200 países se reúnem a partir de segunda-feira, 26, durante duas semanas, para adotar o novo relatório dos especialistas sobre o clima da ONU, um texto de referência que será publicado em 9 de agosto, e que serve como norte para políticas ambientais em todo o planeta e que definem o futuro da humanidade, afetada por uma série de catástrofes naturais.

Desde o último relatório de avaliação dos cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), em 2014, o mundo mudou consideravelmente. O Acordo de Paris de dezembro de 2015 estabeleceu como objetivo limitar o aquecimento global “muito abaixo” de +2°C na comparação com a era pré-industrial e, se possível, de +1,5°C. Se o avanço da temperatura continuar no mesmo ritmo, o  aumento de 1,5ºC ocorrerá entre 2030 e 2052 — ou seja, dentro da expectativa de vida de boa parte da população.

Nas últimas semanas, o planeta registrou uma onda de calor sem precedentes no Canadá, incêndios no oeste dos Estados Unidos, inundações catastróficas na Alemanha e na Bélgica e chuvas torrenciais na China. Todas estas alterações haviam sido previstas nos relatórios anteriores sobre o clima.

“Os sinais de alerta estavam aí, mas imagino que as pessoas pensem que acontecerá com os outros, em outro lugar, mais tarde”, comenta Kaisa Kosonen, do Greenpeace.

Até alguns cientistas foram pegos desprevenidos. “O clima mudou mais rápido do que se esperava”, declarou Tim Lenton, da Universidade de Exeter, para quem a forma de atuação do IPCC, por consenso, levou-o a “moderar” sua mensagem no passado.

As pesquisas que devem basear o documento apresentam indícios claros. “Se não reduzirmos nossas emissões na próxima década, não vamos conseguir. O mais provável é que (a meta de) +1,5°C seja alcançada entre 2030 e 2040. Esta é a melhor estimativa que temos hoje”, disse à AFP o climatologista Robert Vautard, um dos autores da primeira parte da avaliação do IPCC.

O documento do IPCC deve ter outros capítulos publicados ao longo do anos meses e até chegar em seu último capítulo em 2022. A parte que inclui os impactos deve mostrar que a vida na Terra mudará em 30 anos, ou mesmo antes. Estes efeitos serão divulgados depois da COP26, a conferência do clima da ONU prevista para acontecer em novembro, em Glasgow.

Muitos esperam que o relatório a ser apresentado em agosto pressione os governos para que apliquem as políticas necessárias. “Estamos enfrentando diariamente a destruição e o sofrimento (…). É importante reconhecer que falamos do futuro do planeta. Não podemos brincar com isto”, insistiu esta semana Patricia Espinosa, um dos principais nomes da ONU para questões climáticas.



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