Exclusivo: Por coronavírus, Somos colocará 1,3 milhão de estudantes em aulas online

São Paulo — Cerca de 1,3 milhão de estudantes que utilizam a plataforma educacional da Somos Educação, empresa que pertence ao grupo Cogna (antiga Kroton), o maior na área educacional no país, começam a ter aulas online a partir da segunda-feira 23.

Em função do rápido avanço do coronavírus, que já infectou 234 pessoas no Brasil, as secretarias estaduais de Educação de vários estados, como São Paulo e Goiás, divulgaram a suspensão das aulas para conter a propagação do Covid-19.

Por isso, a empresa se prepara para expandir a sua plataforma online, a Plurall, para todos os alunos do ensino básico, que vai do infantil ao médio. São 3.400 escolas em todo o país que utilizam o sistema – apenas 52 pertecem ao grupo Cogna.

“Na terça-feira 11 de março, fizemos uma previsão inicial de que teríamos três semanas para estar prontos para que todos os alunos pudessem migrar para o sistema online. Três dias depois começaram os anúncios de suspensão das aulas e vimos que não tínhamos mais esse prazo”, disse Mário Ghio, diretor-presidente da Somos, em entrevista exclusiva à EXAME.

Hoje, cerca de 570.000 alunos do ensino médio e do fundamental 2 (ciclo que começa por volta dos 11 anos de idade) já utilizam a Plurall, plataforma criada em 2015, para fazer exercícios e interagir com tutores. Em média, os estudantes utilizam a plataforma por 47 minutos ao dia. Agora, a previsão é que esse tempo varie de 3 a 4 horas diárias.

Em tempos de coronavírus, cerca de 700.000 crianças da educação infantil e do ensino fundamental 1 passarão a ter aulas num ambiente virtual, no qual os estudantes de uma mesma classe estarão conectados simultaneamente, como se fosse uma conference call (as menores deverão ser assistidas por um adulto).

Idealmente, as turmas terão aulas online com o professor titular da classe regular. As escolas que utilizam a Plurall, no entanto, terão autonomia para decidir se será o mesmo professor da turma ou um substituto a conduzir a aula online. As escolas também poderão decidir por horários e grade de aulas alternativos.

“A pedagogia digital não pode ser uma reprodução da pedagogia analógica”, diz Ghio. “Já sabemos que aulas muitos fragmentadas não funcionam no ensino à distância. É melhor concentrar a mesma matéria por um período mais longo do que diferentes assuntos numa mesma seção.”

De 2017 a 2019, o investimento da Cogna na plataforma Plurall foi de 42 milhões de reais.

Ensino à distância

Embora o Brasil tenha larga experiência em ensino à distância no nível superior — são 7,1 milhões vagas nessa modalidade, segundo o último Censo da Educação Superior do governo federal —, o uso no ensino básico tem sido restrito ao apoio de atividades regulares.

A expectativa é que a crise do coronavírus seja uma oportunidade de trazer mais tecnologia para a sala de aula, assim como tem sido na China, onde cerca de 200 milhões de estudantes passaram a usar o ensino à distância desde o dia 9 de fevereiro e só retornarão para as salas de aula físicas no começo de abril.

“Será um encontro de uma geração de crianças e adolescentes que já são muito digitais com professores que ainda estão presos a um modelo analógico de ensino”, diz Ghio.

Desafio tecnológico

Além da questão pedagógica, há o desafio tecnológico de colocar 1,3 milhão de estudantes online quase simultaneamente. A plataforma Plurall utiliza os serviços de cloud da Amazon e, de acordo com o presidente da Somos, a empresa americana já se comprometeu a disponibilizar capacidade computacional para que o número adicional de estudantes não sobrecarregue o serviço.

Autores de livros didáticos também liberaram o uso nos próximos 60 dias de qualquer material em ambientes digitais.

“Estamos vendo um grande empenho de todos que trabalham com educação para enfrentar essa crise. Todos vão sair com uma mentalidade diferente dessa experiência.”

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