Fed antecipa fim de estímulos e aponta 3 aumentos de juro em 2022

O Federal Reserve (o Fed) vai acelerar o processo de normalização da política monetária, segundo comunicado que acaba de ser divulgado ao fim da última reunião deste ano, nesta tarde de quarta-feira, dia 15.

O banco central dos Estados Unidos planeja encerrar em março o tapering, como é chamado o processo de redução da injeção de estímulos na maior economia do mundo via compra de títulos, em vez de junho. Mais importante, essa antecipação abre caminho para que haja em 2022 três aumentos da taxa de juros, que está no intervalo entre zero e 0,25%.

“O desenvolvimento da economia e mudanças no cenário garantem essa evolução da política monetária, que continuará a providenciar o suporte apropriado para a economia”, disse Jerome Powell, presidente do Fed, na tradicional entrevista coletiva à imprensa depois da divulgação do comunicado.

O programa mensal de compra de títulos será reduzido para 60 bilhões de dólares a partir de janeiro, até ser zerado em março. O montante foi de 120 bilhões de dólares ao mês de março de 2020, no início da pandemia, até outubro passado, até que começasse a ser reduzido em 15 bilhões de dólares ao mês em novembro e dezembro.

Depois da decisão do Fed nesta quarta, contratos de juros futuros passaram a precificar o primeiro aumento da taxa em maio de 2022.

A guinada na condução da política monetária da maior economia do mundo terá impactos relevantes sobre os mercados globais e, em particular, de países emergentes como o Brasil. Isso porque haverá redução da liquidez de capital no mundo e, por tabela, do fluxo de recursos que procuram retorno em ativos de maior risco.

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na brasileira e o câmbio — que tende a ficar mais depreciado — são dois dos principais canais de impacto do processo de normalização da política monetária pelo Fed.

Nos primeiros minutos após a divulgação (que aconteceu às 16h de Brasília), os índices de ações do S&P 500, do Dow Jones e da Nasdaq reverteram a leve queda com que operavam a passaram a subir. O mesmo aconteceu com o .

Segundo o comunicado, o Fed projeta que a inflação ao consumidor medida pelo PCE encerre o próximo ano em 2,6%, acima dos 2,2% anteriormente previstos. E o crescimento da economia será de 4%, abaixo dos 5,5% esperados em 2021.

A mediana das projeções dos integrantes do Fed aponta que a taxa de juros do overnight deve passar do seu atual patamar próximo a zero para 0,90% ao fim de 2022 — e depois para 1,6% em 2023 e 2,1% em 2024.

A decisão desta quarta passou a ser esperada pelo consenso de mercado depois de recentes declarações de Powell sinalizando que o Fed poderia tomar esse caminho. E ganhou força nos últimos dias com a divulgação da inflação ao consumidor e no atacado em novembro — nos dois casos, a alta veio acima do que era projetado pelo mercado. O CPI (Índice de Preços ao Consumidor) subiu 6,8% na taxa anualizada em novembro, no ritmo mais acelerado em quase quatro décadas. O PPI (Índice de Preços ao Produtos) avançou 9,6% na taxa anual.

Ao longo deste ano, Powell insistiu e defendeu a visão de que era necessário manter os estímulos porque a economia ainda estava se recuperando e porque a inflação era transitória, causada em boa parte por choques de oferta em razão de disrupções nas cadeias de produção globais. Segundo muitos economistas, o banqueiro estava certo em seu diagnóstico, mas a normalização desses elos produtivos não aconteceu até aqui como se esperava.

O Fed oficialmente retirou esse termo — transitório — do comunicado que saiu junto com a decisão.

“Os ganhos de vagas têm sido sólidos nos últimos meses, e a taxa de desemprego caiu substancialmente”, aponta o comunicado do Fed, em referência ao ponto que é um de seus mandatos: promover o máximo emprego.

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