Fundada em 2014 em Natal, no Rio Grande do Norte, a fintech Credere cresceu fora dos holofotes, mas conquistou clientes nos rincões do país. A empresa é fruto do desejo dos sócios Orlando Seabra, Sanderson Santana e Fred Alecrim de construir uma ferramenta para facilitar a venda financiada de veículos para concessionárias afastadas dos grandes centros urbanos. Hoje, sua solução é usada por mais de 250 redes de concessionárias clientes em 25 estados.
Aos varejistas clientes, a empresa oferece uma plataforma integrada a bancos privados como Pan, BV, Bradesco, Itaú e Santander. Por lá, os vendedores podem colocar os dados dos clientes interessados em financiamento, comparar as condições de crédito e fechar a operação digitalmente. “Até então, esse processo era muito manual, com idas e vindas de documentos e informações, como uma versão analógica do que fazemos agora, tornando a compra financiada um esforço de semanas”, diz Orlando Seabra, presidente da Credere.
A operação da fintech, que diz ampliar a taxa de aprovação dos clientes em até 20%, chamou a atenção do unicórnio Creditas. As companhias anunciam nesta segunda-feira, 24, que estão fechando uma parceria para que as linhas de crédito da Creditas sejam oferecidas na plataforma da startup.
“Estamos muito focados em acelerar nossa presença no mercado de veículos e entregar aos lojistas a melhor experiência possível. A Credere tem um ambiente multibanco que torna a vida do varejista mais simples e isso está 100% alinhado com a missão da Creditas”, diz Luana Bichuetti, vice-presidente da Creditas Auto. Já para a Credere, a parceria é uma oportunidade de conquistar outras concessionárias clientes dentro da base da Creditas.
Expansão
A Credere cobra das concessionárias clientes uma mensalidade de R$ 690 por mês por loja que usa a sua ferramenta de análise de crédito. Dos bancos e fintechs, a empresa ganha uma comissão por transação intermediada. Os valores variam conforme a região, mas ficam entre 0,1% e 6%.
No ano passado, a companhia teve 1,8 milhões de simulações de crédito feitas na sua plataforma e R$ 1 bilhão em propostas de financiamento pagas pelos bancos, o que representa um crescimento de 50% em relação a 2019.
Segundo Seabra, a alta é consequência da digitalização que o setor passou durante a pandemia. “A covid-19 nos permitiu enxergar ainda mais o potencial desse mercado. Nossa estimativa é fechar o ano de 2021 com mais de 1.000 lojas usando o Credere e R$ 3 bilhões financiados”, diz o fundador.
A principal estratégia da companhia para crescer em 2021 é ampliar seu quadro de funcionários nas áreas de marketing, vendas e tecnologia para escalar a operação e chegar a novas cidades. Para isso, a empresa conta com um aporte de R$ 2,5 milhões recebido em 2020 em uma rodada seed liderada pela Domo e com participação da Bossa Nova.
A visão dos sócios é que o setor de financiamento de carros e motos, que já movimenta R$ 200 bilhões por ano no Brasil, ainda tem espaço para crescer. De acordo com a ANEF (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), o financiamento de veículos é uma categoria de pagamento usada em cerca de 50% das transações comerciais do setor.
“Nós acreditamos que esse número pode ser ainda maior, em volume e em proporção. O processo de venda financiada está completamente desconectado da realidade do e-commerce. Nós estamos trabalhando para que o cliente em sua casa e o vendedor que esteja na rua ou em uma loja, possam simular, submeter proposta e formalizar o financiamento como uma compra digital qualquer”, afirma Seabra.
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