Fiz tudo legalmente, o resto é só barulho, diz Guedes sobre offshore

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta-feira que todos os seus investimentos foram devidamente declarados antes que assumisse cargo no governo e que são legais, após notícias apontando conta offshore de sua titularidade em um paraíso fiscal.

“Saí da companhia dias antes de vir para cá. Dei todos os documentos … o resto é só barulho, barulho, barulho. E acho que vai ficar pior à medida que nos aproximamos das eleições”, disse ele em inglês, em evento promovido pelo Itaú.

“Não houve movimento de trazer dinheiro de fora, mandar dinheiro para fora. Desde que coloquei dinheiro lá, em 2014, 2015, eu declarei isso legalmente”, acrescentou.

Guedes destacou ter atuado nos últimos oito a nove anos com private equity no país, “construindo projetos maravilhosos para o Brasil” em áreas como educação e saúde, e pontuou ter se desfeito de todas as participações, a valor de investimento, antes de virar ministro da Economia. “Perdi muito dinheiro vindo para cá, exatamente para evitar problemas”, afirmou.

Segundo o ministro, ele perdeu muito mais com isso do que o valor que está sendo apontado como sendo de sua propriedade em offshore.

Apesar de não ter sido perguntado a respeito, Guedes afirmou, ao fim de sua participação no evento, que esta era sua chance para se posicionar sobre o tema.

“Qualquer dinheiro que estiver lá está com gestores independentes, em jurisdições em que minhas ações não têm influência”, defendeu o ministro.

Em reportagem que integra o projeto Pandora Papers, do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, a revista Piauí informou no domingo, dia 3, que Guedes possuía uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, aberta em 2014 com a quantia de 9,55 milhões de dólares.

A posse de uma empresa no exterior não é ilegal desde que declarada à Receita Federal ou ao Banco Central — o que o ministro já havia dito ter feito, via assessoria de imprensa e depois através de seus advogados.

Mas o caso levantou questionamentos acerca de conflitos de interesses, já que o Código de Conduta da Alta Administração Federal proíbe que autoridades invistam “em bens cujo valor ou cotação possa ser afetado por uma decisão ou política governamental” em razão do cargo ocupado e pelo fato de possuírem informação privilegiada.

Mais cedo nesta semana, o plenário da Câmara aprovou requerimento de convocação para o ministro prestar esclarecimentos a respeito da offshore.

Nesta sexta-feira, Guedes disse ainda ter um blind trust para os investimentos que detém no Brasil, acrescentando ter ocorrido desinvestimento direto em episódios em que houve conflito de interesse.

“Todos são limpos, todos são legais, tudo é declarado. Apesar disso, o barulho não parou. Então é o que eu queria dizer”, finalizou.

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