Gasto público seria saída para inflação baixa, diz estudo do BCE

Economias avançadas podem precisar se apoiar mais nos gastos fiscais se quiserem evitar o destino do Japão, com inflação baixa e sem opções de ferramentas monetárias, segundo nova pesquisa do Banco Central Europeu.

A inflação persistentemente baixa ameaça se tornar uma “profecia autorrealizável” se empresas e famílias pararem de acreditar no aumento dos preços e os bancos centrais não conseguirem neutralizar o pessimismo, de acordo com estudo publicado na quinta-feira. O Banco do Japão busca reaquecer a economia há 25 anos.

Mas “os formuladores de políticas não estão reduzidos à inação”, concluiu o estudo. “Quando a política monetária fica sem espaço para cortes das taxas de juros, uma política fiscal anticíclica decisiva protege a economia do equilíbrio da baixa inflação.”

A pesquisa pode servir de argumento para autoridades que desejam descartar regras da União Europeia que teriam levado a uma austeridade injustificada e ao baixo crescimento econômico por anos.

Os gastos públicos desempenharam um papel importante na estabilização da economia durante a pandemia. Os governos suspenderam as regras destinadas a manter as finanças públicas sob controle e concordaram em 800 bilhões de euros (US 955 bilhões) em empréstimos conjuntos para um fundo de recuperação.

Mas agora começa o debate sobre se é necessário retomar a antiga estrutura quando a crise acabar.

O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, que foi presidente do BCE até 2019, insistiu na quarta-feira que as regras de gastos devem ser alteradas. Essa postura o coloca em rota de colisão com Armin Laschet, o favorito para substituir Angela Merkel como chanceler da Alemanha.

Laschet disse na semana passada que as políticas de estabilidade devem ser restabelecidas quando os efeitos da pandemia sobre a economia global forem eliminados.

Embora a inflação este ano esteja acima das metas dos bancos centrais na Europa e nos Estados Unidos com a recuperação das economias do impacto do coronavírus, autoridades monetárias insistem que o avanço dos preços será temporário.

O BCE prevê que a inflação cairá novamente no próximo ano e continuará abaixo da meta de pouco menos de 2%, apesar das taxas de juros negativas e dos amplos programas de compras de títulos em vigor há anos.

Os pesquisadores do BCE reconhecem que é difícil seguir uma política fiscal coordenada na zona do euro, onde as despesas públicas são administradas pelos governos nacionais e devido ao fato de que alguns países já estão altamente endividados.

Mas o estudo tem uma sugestão: uma ferramenta que o BCE há muito tempo afirma ser necessária na economia da zona do euro.

“Prevenir armadilhas de baixa inflação autorrealizáveis pode ser outro motivo para criar uma capacidade fiscal central na Europa”, disseram.

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