Um dia depois de dizer que estava se preparando para iniciar a aplicação de uma quarta dose de vacina contra a covid-19, o governo de São Paulo recuou e disse, nesta quinta-feira, 10, que a prioridade é concluir o esquema vacinal dos 2,1 milhões de pessoas que ainda nem tomaram a segunda dose.
“Quando falamos em quarta dose para a população em geral, temos de encerrar algumas etapas importantes, para trazer as 2,1 milhões que nem tomaram a segunda dose. Grande parte é de adolescentes que precisam ser imunizados. Temos ainda outras 10 milhões de pessoas que não tomaram a dose de reforço. A quarta dose já vem sendo feita desde de dezembro para todos aqueles com algum comprometimento no sistema imunológico”, disse o secretário da Saúde do estado, Jean Gorinchteyn, em entrevista coletiva nesta quinta-feira, 10.
Gorinchteyn ainda afirmou que, na tarde desta quinta-feira, o governo paulista vai se reunir, como faz semanalmente, para definir o plano estratégico da vacinação contra a covid-19 no estado. O tema da quarta dose será debatido e se já há a possibilidade de fazer um cronograma e definir qual imunizante seria o ideal.
Na quarta-feira, 9, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que o estado estava se preparando para aplicar uma quarta dose de vacina contra a covid-19 na população paulista. O esquema seria adotado independentemente de uma recomendação ou não do Ministério da Saúde, que ainda avalia o tema.
“A hipótese [da quarta dose] já é avaliada pelo Comitê Científico. Não só avaliada, ela já é confirmada pelo Comitê Científico aqui do governo de São Paulo”, disse ele em entrevista à rádio Eldorado na manhã desta quarta-feira. Poucas horas depois, em coletiva de imprensa, Doria disse que o governo ainda avaliava o tema e que não havia uma data confirmada para o início da aplicação.
Especialistas em saúde pública ouvidos por EXAME dizem que a iniciativa é bem-vinda, mas que é preciso avançar na vacinação de toda a população já elegível, acima de 5 anos. Além disso, o estado não teria em estoque vacinas suficientes para aplicar uma dose extra, já que a recomendação seria usar a Pfizer, que é distribuída pelo Ministério da Saúde, e não a Coronavac, comprada pelo governo paulista.
Na noite de quarta-feira, o Ministério da Saúde publicou uma nota técnica em que ampliou a dose de reforço da vacina contra a covid-19 para adolescentesentre 12 e 17 anos. O documento especificou que a parcela que receberá a dose extra é somente aquela que se encaixa no grupo prioritário de imunocomprometidos.
Se enquadra nesta condição quem está passando por quimioterapia, que fez algum tipo de transplante de órgãos ou de células-tronco, que vive com HIV/aids, que faz hemodiálise, entre outros.
A recomendação é para a aplicar a dose extra a partir de quatro meses depois da segunda dose, e indica os imunizantes da AstraZeneca, Janssen e da Pfizer como prioritários. O governo paulista disse que já encaminhou um documento às prefeituras para iniciar a aplicação da dose extra.