Governo não gastou R$28,9 bi autorizados para auxílio emergencial em 2020

O governo federal não gastou R$ 28,9 bilhões dos recursos autorizados para o auxílio emergencial no ano passado. O valor corresponde a mais de um terço dos R$ 80,7 bilhões do orçamento destinado ao combate à pandemia da Covid-19 que não foi executado no ano anterior.

Os números foram destacados no estudo “Um país sufocado – Balanço do Orçamento Geral da União 2020”, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), publicado nesta quarta-feira.

A avaliação da entidade é de que, aliado ao discurso de contenção do gasto público, o governo demorou muito a aplicar os recursos que foram separados para mitigação de efeitos da pandemia.

No caso do auxílio emergencial, dos R$ 322 bilhões autorizados, só foram efetivamente pagos R$ 293 bilhões, destaca o levantamento.

Sobre equivalente a um ano de Bolsa Família

Livi Gerbase, assessora política do Inesc, lembra que a “sobra” de recursos é equivalente aos gastos de um ano do programa Bolsa Família, que custou em média R$ 30 bilhões até o período anterior à Covid-19.

— Os recursos demoraram muito tempo para chegar nas mãos das pessoas que precisaram e acabou sobrando dinheiro, inclusive do auxílio emergencial, porque houve uma redução do benefício. Essa redução, que foi sentida no fim do ano com reflexo de aumento de pobreza, poderia ter sido menor – argumenta, fazendo referência à diminuição do benefício, que passou de cinco parcelas de R$ 600 para quatro de R$ 300.

Os quase R$ 29 bilhões que não foram gastos no ano passado equivalem a 66% do orçamento reservado para o pagamento do auxílio emergencial em 2021, que estabeleceu limite bem mais baixo que o do ano passado: R$ 44 bilhões foram destinados para essa despesa na proposta de emenda à Constituição (PEC) Emergencial, resultando em benefícios bem mais baixos que os do ano passado.

Auxílio é única ação já retomada

A analista pondera que em 2020 o auxílio emergencial foi a principal medida política de combate à pandemia, que consumiu mais da metade dos recursos extraordinários, mas estava inserida em um contexto de mais planos de mitigação.

Para esse ano, a demora em pagar o benefício diante do recrudescimento da pandemia e a não retomada de ações como o programa de manutenção do emprego e renda (BEm) e as linhas de financiamento para as empresas, tornam o cenário mais delicado.

O governo já confirmou que vai reeditar esses programas, mas ainda falta definição de fontes de financiamento. O impassem em relação à sanção do orçamento também provoca mais atrasos.

— O auxílio emergencial vai ser muito mais necessário porque a crise econômica e a crise sanitária se mantêm, e o auxílio fica sendo o último colchão de proteção, já que não temos a manutenção de outras políticas – analisa.

O problema, neste caso, é o novo valor do benefício. Para caber no limite de R$ 44 bilhões, o novo auxílio emergencial será pago a menos pessoas e terá valores menores.

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