Grandes empresas podem virar “bancos” e salvar seus ecossistemas

A crise provocada pela pandemia do novo coronavírus acabou afetando profundamente a economia mundial. Diante da falta de perspectiva em relação à retomada, muitas companhias – especialmente as pequenas e médias – vêm enfrentando dificuldades para manter o caixa, a produção, os empregos e, principalmente, o fôlego para seguir adiante após a retomada. Desamparadas, essas empresas não têm conseguido acessar crédito. Um estudo do Sebrae mostra que, desde o início da crise, 60% dos donos de pequenos negócios tiveram o pedido de empréstimo negado pelos bancos. 

Para garantir a saúde dessas empresas – em momentos de crise ou não –, a Kobold lançou, em janeiro deste ano, uma solução que desafia o modelo tradicional de crédito no Brasil. A inovação está mais no fluxo do dinheiro e no uso inteligente de dados que na tecnologia em si. Em vez das PMEs baterem na porta dos bancos por conta própria, como sempre se fez no mundo inteiro, a proposta da Kobold é transformar as grandes empresas em “pequenos bancos”, trazendo capilaridade para o modelo e fazendo o crédito fluir de maneira ágil, eficiente e digital para os pequenos e médios negócios do seu entorno. 

Por meio de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) – ou seja, aplicações em títulos formados por contas a receber – grandes companhias têm a oportunidade de proteger toda a cadeia produtiva que as cerca, como fornecedores, clientes e colaboradores, facilitando a chegada de crédito até elas. “O fundo faz a antecipação de recursos a um custo bem menor do que os bancos tradicionais”, explica Fernando Ribeiro, CEO da Kobold. 

Com mais de 25 anos no mercado, a Kobold decidiu lançar o produto quando percebeu que a sua infraestrutura de crédito, até então restrita a clientes, tinha maturidade e flexibilidade suficientes para atender os mais diversos contextos e ecossistemas de negócios. Ribeiro usa como exemplo a Amazon. “A empresa tinha uma solução muito boa nos anos 1990 para a comercialização de livros e, ao entender que ela poderia servir a qualquer tipo de infraestrutura de vendas, criou a plataforma de serviços de computação em nuvem AWS”, lembra. “A nossa lógica é a mesma, só que olhando para o crédito de forma simplificada e em uma escala muito maior”.

Mitigação de riscos

Ao associar ferramentas e algoritmos de crédito aos dados que as empresas têm em relação às cadeias em seu entorno (como volume de vendas, histórico de pedidos e índices de assertividade de entregas), a Kobold garante mitigar os riscos da operação. “Isso tudo permite a criação de uma estrutura de crédito bastante robusta, sólida e baseada em necessidades individuais e reais”, diz Ribeiro. Segundo ele, ao contrário dos bancos, que consideram o tamanho das empresas para calcular o risco e, consequentemente, a taxa de juros, a Kobold não olha para a estrutura de capital do negócio, mas sim para a qualidade de suas transações. “Para nós, não importa se uma empresa tem cinco ou 100 funcionários ou se fatura R$ 500 mil ou R$ 50 milhões por ano. Se entendemos que ela tem um risco de transação baixo, ela merece as mesmas condições.”

Participação do governo

O poder público é mais um agente com potencial de atuar, ao lado das grandes empresas, na segurança das pequenas e médias. A solução, neste caso, vem da securitização por meio de contratos de fornecimento futuros. Eles seriam os responsáveis pelo capital de giro de que esses negócios tanto precisam neste momento para seguir operando. Como se trata de recebíveis a serem performados, o governo assumiria um papel equivalente a um seguro para esse padrão de operação, equilibrando o risco para que o mercado de capitais atue de maneira mais ampla. “Essa é uma oportunidade de mudar o cenário de acesso a crédito no Brasil e subsidiar a retomada da economia com segurança”, destaca Ribeiro.

Stakeholder economy

Na contramão da ideia de Adam Smith, o pai da economia moderna, de que, ao promover o seu próprio interesse, a sociedade prospera como um todo, a Kobold defende o conceito de stakeholder economy. De acordo com ele, sairão fortalecidas da crise as companhias que olharem não só para si, mas para a sobrevivência de toda a cadeia, incluindo clientes, fornecedores, e comunidades que compõem o ecossistema em que operam. “A pandemia criou um novo senso de urgência. E fico feliz em ver que as empresas e a própria sociedade civil estejam apoiando movimentos que dão suporte ao micro, pequeno e médio empreendedores”, destaca Ribeiro. “Se seguirmos assim, teremos no momento da retomada uma economia muito mais ágil, dinâmica e descentralizada.”

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