Há 1 mês na Petrobras, Silva e Luna mantém “calmaria”, dizem analistas

As últimas quatro semanas não foram muito diferentes na Petrobras do que haviam sido os meses anteriores, mesmo com novo presidente, novo conselho e nova diretoria.

Neste último mês, o general Joaquim Silva e Luna manteve o tom de continuidade e ainda não fez grandes mudanças. Ele foi nomeado presidente da empresa após desgastes entre o ex-presidente Roberto Castello Branco e o presidente da República Jair Bolsonaro. Silva assumiu o comando em 19 de abril.

A troca de comando na petroleira aconteceu porque Bolsonaro estava descontente com a série de reajustes nos preços dos combustíveis feitas no início do ano. Como a Petrobras segue o preço internacional do petróleo para precificar seus derivados, diesel e gasolina dispararam em janeiro e fevereiro.

O anúncio na troca no comando da petroleira fez, na época, as ações da companhia despencarem, já que a gestão de Roberto Castello Branco era bem avaliada pelo mercado financeiro.

Desde que assumiu o comando, o executivo tinha o objetivo de reduzir o endividamento da companhia, focar os investimentos em poços de alta produtividade e baixo custo (pré-sal) e abrir mão de negócios que não tinham a ver com a exploração e produção de petróleo.

Na avaliação de analistas ouvidos pela EXAME, ainda é cedo para avaliar a gestão do novo presidente da petroleira, mas as declarações sobre continuar com a estratégia de desinvestimentos e foco no pré-sal e os resultados financeiros positivos do primeiro trimestre são pontos a se comemorar. De janeiro a março, a empresa teve um lucro de R$ 1,17 bilhão, influenciado principalmente pelo preço do barril de petróleo.

Depois do “estresse” na troca do comando, quando diretores e conselheiros decidiram renunciar acompanhando Roberto Castello Branco, o momento agora é de deixar a poeira abaixar na nova gestão. Essa é a visão do analista da Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos.

“A palavra que define esse mês foi a parcimônia. Foi tentado ao máximo não entrar em conflito com o mercado. A transição não foi a mais a adequada, na troca do CEO, na eleição do conselho… A própria diretoria foi transformada. Foi feito um processo forte de mudanças. O primeiro impacto no mercado foi negativo. Antes, várias casas de análises recomendavam a compra das ações da empresa e depois você tem a ruptura disso.”

O último relatório do Banco BTG Bactual – da mesma holding que controla a EXAME – tem recomendação neutra.

Essa “calmaria” e falas sobre continuidade na estratégia são normais, segundo o analista. Silva e Luna tem a preocupação com seu nome à frente da companhia e neste primeiro momento a central de comando da empresa ainda está num momento de avaliação antes de tomar decisões.

Quando ao balanço do primeiro trimestre, Ilan Arbetman destaca que ele é “99% da gestão Castello Branco” e mostra uma situação muito diferente do início de 2020, quando o preço do petróleo despencou e empresa precisou desvalorizar seus ativos devido à pandemia em R$ 65,3 bilhões num processo chamado de impairment, que gerou umprejuízo fakeno balanço da época.

A avaliação boa que o mercado fazia da gestão de Castello Branco se devia principalmente porque, no fim das contas, as estratégias de foco no pré-sal e desinvestimentos causam melhores retornos aos acionistas.

Historicamente, a Petrobras entrega dividendos menores que seus pares globais de exploração e produção. Utilização para fins políticos e a Operação Lava Jato são alguns exemplos de situações que desconectaram a empresa de seu potencial máximo de lucro e retorno sobre investimento, segundo o analista Ilan Arbetman.

Em relatório da última semana, analistas do Credit Suisse comentam que os preços do petróleo em alta podem acionar a política de dividendos da companhia antes do fim deste ano.

Um dos grandes trunfos do plano de desinvestimentos, segundo o analista, que é a frente de negócios de exploração e produção está ganhando peso na companhia (Entre os ativos que estão à venda, por exemplo, os principais oito refinarias). Com foco na extração do petróleo, os custos da empresa ficam mais alinhados com o preço do barril de petróleo porque no refino há aspectos ciclícos.

“Na história da Petrobras, existe uma correlação entre o desempenho da companhia com os atos do governo. Quando pensaram que esse processo positivo que ela vinha tomando poderia não ir para frente, você teve um choque, uma memória do que aconteceu durante a década passada, com intervencionismo”, explica o analista.

Até quando vai a calmaria?

Apesar do tom de continuidade da gestão Silva e Luna, o analista Ilan Arbetman destaca que é importante não perder de vista por que ele o general foi colocado na Petrobras: para encontrar uma solução para aumentos desenfreados nos preços dos combustíveis causados pela política de acompanhar a paridade internacional.

“Daqui para frente, a empresa vai ter que tomar alguma decisões e vai ser difícil manter o tom conciliatório”, opina.

Nos últimos 30 dias, as ações da companhia mantiveram-se ao redor dos R$ 25, acompanhando a calmaria, com leve alta a partir do resultando financeiro na última semana.

Entre as decisões a serem tomados, está o destino dos investimentos. No plano estratégico 2020-2024, a empresa aposta 70% dos investimentos em exploração e produção (58% no pré-sal). Além de possíveis mudanças nos preços dos combustíveis, qualquer mudança de foco nesses investimentos também deve indicar as preferências de negócio de Silva e Luna.

“Falta a gente ver na prática qual vai ser a política de preços que vai ser adotada e se os investimentos vao ser pelo pré-sal, e não deve tardar a demorar muito.Esses 30 dias foi suave como deveria ser. buscou-se ao maximo evietar conflitos, mas tem conflitos q sao nautruauis e vao vir a tona.”

Navio plataforma FPSO P-67: utilizados no Pré-Sal devido à distância da costa

Navio plataforma FPSO P-67: utilizados no Pré-Sal devido à distância da costa (André Motta de Souza/Agência Petrobras/Divulgação)

Esse investimento forte no pré-sal é explicado principalmente porque nessa região o custo de extração é mais barato, sendo viável com preços do barril alto ou baixo. 

Na próxima década, a tendência é a demanda por petróleo se manter e até aumentar, segundo a professora Suzana Kahn, vice-diretora da Coppe/UFRJ. No entanto, haverá um momento em que a transição energética vai começar a forçar a demanda para baixo porque vai oferecer produtos verdes a preços baratos. É essa a janela de tempo que a Petrobras precisa aproveitar e que o plano estratégico com foco no pré-sal e desinvestimentos em outras áreas contempla. 

“O que a gente tem na próxima década ainda é uma dependência muito grande do petróleo,  porque é difícil arranjar um substituição para todos os derivados. Ter um produto que o substitua tudo é praticamente impossível. Se a gente tem reserva, se a gente tem tecnologia, seria uma irresponsabilidade virar as costas. Mas não tem que perder de vista que no futuro o petróleo não vai ter a importância que tem hoje”.



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