Homofobia e falta de integridade motivaram Eduardo Leite a assumir-se gay

A declaração dada por Eduardo Leite sobre sua homossexualidade fez dele o primeiro governador a assumir-se gay no Brasil e também a provocar reações igualmente intensas entre representantes da direita à esquerda partidária, de um ambiente político pouco acostumados a tratar de sua orientação sexual. No dia seguinte à entrevista concedida ao programa Conversa com Bial, da TV Globo, Leite recebeu elogios e críticas pela postura adotada. Disposto a concorrer à Presidência em 2022, o governador do Rio Grande do Sul, de 36 anos, incomodou também o presidente Jair Bolsonaro, que sugeriu interesse eleitoral.

 

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Leite, no entanto, afirmou ao Estadão que sua declaração foi uma resposta aos ataques homofóbicos cada vez mais intensos justamente por seu projeto nacional. “Era um tabu que precisava ser enfrentado.”

Como o sr. encarou as reações à sua declaração?

Não tenho dado conta de todas as mensagens de afeto que estou recebendo. Estou feliz! Sabia que teria repercussão, mas não imaginava que seria desse tamanho. Fiquei emocionado, particularmente, pelas pessoas que se sentiram representadas. Uma delas disse que tem 50 anos, é gay, e me disse que a vida teria sido mais fácil se, aos 18 anos, um governador tivesse dito ser gay.

O sr. já planejava essa declaração? Por que agora?

Nunca inventei um personagem, nunca disse que não era gay, nunca menti. Mas sabemos que tratar desse tema ainda é complexo pelos rótulos. Nenhum heterossexual tem que se apresentar como tal. Entendia que a orientação sexual não toca na vida dos outros, só na minha. Mas, com o avanço desse meu projeto nacional e com a crise de integridade que existe no Brasil neste momento, passou a ser um assunto a ser exposto, até para deixar claro que não tenho nada a esconder. Vinha trabalhando na ideia de falar no timing adequado para que não fosse entendido como tentativa de proveito.

É mais difícil ser gay e político?

Olha, não posso me queixar. Quando disputei a Prefeitura de Pelotas este não foi um assunto; quando disputei o governo, também não. Nunca me senti diminuído por especulações a respeito da minha orientação sexual, mas era um tabu que precisava ser enfrentado. É claro que o meio político ainda é tradicionalmente masculino, apesar de as mulheres estarem ganhando espaço. Aos poucos esta pode se tornar uma não questão.

No Legislativo já há pessoas trans e gays eleitas. Isso pode também ocorrer no Executivo?

Acho que sim, mas não se trata de eleger um prefeito, um governador ou um presidente por ser gay. O que não se deve é deixar de escolher essa pessoa por ser gay.

O sr. se sente obrigado a virar um ativista?

Eu sempre me posicionei, defendi a causa. Temos políticas públicas, representatividade no governo (a secretária adjunta de Cultura é uma mulher trans). Mais do que ser um ativista – e é importante que haja -, devemos é trabalhar em todas as frentes.



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