Howard Marks: ‘Estamos no início de um ciclo de alta da economia’

Para o lendário investidor americano Howard Marks, 75 anos, o mundo está apenas no início de um ciclo de recuperação gradual da economia, que irá durar vários anos. “O mercado de está à frente de si mesmo. A notícia ruim é que a economia não está”, afirmou em live realizada nesta terça-feira, 23, pelo Itaú Personnalité.

Cofundador e presidente da Oaktree Capital, que tem 150 bilhões de dólares sob gestão, Marks é autor de best sellers como “O Mais Importante para o Investidor” e “Dominando Ciclos do Mercado” e tem mais de 50 anos de atuação no mercado.

A Oaktree foi fundada há 27 anos e se define como uma empresa de gestão de fundos global alternativa focada principalmente em crédito, além de títulos e ações tradicionais. A gestora se concentra em operações de crédito estruturado, , private equity e operações de infraestrutura.

Veja a seguir os principais pontos de análise de Marks, por tópicos:

Em que ponto do ciclo econômico estamos?

Questionado na live sobre em que ponto do ciclo econômico estamos, Marks disse que em 2020 não houve um ciclo permeado por excessos e correções, mas, sim, por um fator exógeno à economia, que foi a pandemia e a consequente recessão. “Não foi evento cíclico.”

Portanto, para ele, o lockdown limitou a economia, a tal ponto que no segundo trimestre do ano passado foi registrada a maior queda do PIB mundial da história. “Como consequência, o banco central [o Federal Reserve] e o Tesouro americano vieram resgatar a economia e, no terceiro trimestre de 2020, tivemos um aumento do PIB. Mas isso não ocorreu naturalmente: foi causado por autoridades.”

Desde então, Marks aponta que a maioria dos mercados no mundo vem se recuperando. “Normalmente mercado e economia andam juntos. Mas o mercado de ações americano subiu em março de 2020 e continuou subindo antes de a economia se recuperar porque tinha fé em que o banco central e o Tesouro iriam resolver o problema. Hoje, o nível é mais do que o dobro dos últimos 20 meses. A economia teve trimestres bons neste ano, mas a partir de agora vai ter uma recuperação gradual, que pode durar vários anos”, afirmou.

Portanto, para ele, o mundo está no início de um ciclo de alta de vários anos. “O mercado de ações está à frente de si mesmo com base em números históricos. A notícia ruim é que a economia está mais ou menos.”

Perspectivas para a inflação

Para Marks, o que o Fed fez em 2020 foi essencial. Sem isso, aponta, haveria uma depressão global. “O que fez tem ramificações negativas, como a inflação? Tem. Mas não a ponto de que não deveriam ter feito o que fizeram.”

Questionado sobre os efeitos da inflação e de perspectivas, ele responde que a alta de preços é misteriosa. “Nada em investimentos e na economia é mecânico: liga a luz e acontece. Ninguém esta totalmente certo sobre o por quê da inflação. Se observarmos a última década, antes da econômica mundial, tivemos juros bem baixos, déficit crescente no orçamento federal, situações supostamente inflacionárias, e não havia inflação. E agora temos.”

O Fed e o Tesouro injetaram 10 trilhões na economia americana em um ano e meio. A inflação seria teoricamente limitada se causada por essa injeção de capital. Mas muitos fatores pesam ainda na conta, segundo o megainvestidor.

“As pessoas não puderam gastar, sair de férias, se casar, ir a um show durante um ano e meio. Esse dinheiro ficou no banco. Quando a vacina chegou, havia uma demanda reprimida.”

Gargalos na cadeia de suprimentos acabaram por tornar o cenário explosivo, diz Marks.

“Foi muito difícil reiniciar a economia após um fechamento por diversos meses com uma demanda reprimida. Podemos comparar a um carro que não andou, ficou problemático e suas peças ficaram indisponíveis. A economia não consegue produzir tanto como conseguia há dois anos. Há demanda maior, menos oferta, porque muitos bens não conseguem ser produzidos, e há inflação”, resumiu.

Mas como o governo não vai continuar distribuindo dinheiro na mesma medida que durante a pandemia, na medida em que os problemas na cadeia de suprimentos global forem resolvidos, a economia voltará a andar, defendeu.

“Fundamentalmente, a economia pouco mudou em relação ao que era há dois anos. Talvez seu desempenho ficou diferente por causa de demissões. Portanto esses fatores, que respondem pela maior parte da inflação, são transitórios.”

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