Após a bolsa perder 26% durante a semana, muitos investidores avaliam que alguns papeis estão atraentes
A bolsa brasileira B3: mercado de ações começa o dia mais otimista com estímulo do Fed, boas notícias da China e rumores de liberação do FGTS no Brasil (Patricia Monteiro/Bloomberg/Getty Images)
Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, disparou 13,84%, no pregão desta sexta-feira (13) e encerrou em 82.631 pontos – a alta foi a maior já registrada desde 28 de outubro de 2008, quando o índice subiu 14,66%. A valorização ocorreu em linhas com os principais mercados internacionais, que também recuperaram parte das perdas registradas na quinta-feira (12). Apesar do dia positivo, o Ibovespa encerrou a semana em queda de 15,68% – a pior desde outubro de 2008, quando o índice 20% no mesmo período. Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 subiu 9,29%.
Segundo Jeffeson Laatus, estrategista-chefe e fundador do Grupo Laatus, a alta mais forte no Brasil refletiu os quedas mais acentuadas dos últimos dias. “Aqui costuma ser sempre mais exagerando, tanto para a alta quanto para a baixa.”
Pela manhã, o boato de que o presidente Jair Bolsonaro havia sido contaminado por coronavírus atenuou o movimento de alta para perto dos 2%, mas as as ações logo voltaram a ganhar força, após o próprio presidente negar as informações em seu perfil no Facebook. Apesar do susto, notícias favoráveis ao mercado impulsionaram as negociações, depois de dias de pânico entre os investidores.
O anúncio do Federal Reserve, banco central americano, de que vai injetar 5 trilhões de dólares no sistema financeiro para diminuir a aversão dos investidores ao risco também ajudou a melhorar o humor nos mercados. A notícia de que os casos de novas infecções na China, epicentro da pandemia, diminuíram para menos de 10 hoje também aliviou a tensão ao mostrar que o ciclo do surto tem um fim. No Brasil, a antecipação do 13º salário para os aposentados e as especulações de que o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) pode ser liberado para os trabalhadores animaram o mercado.
Apesar do maior otimismo, Pedro Galdi, analita da Mirae Asset, acredita que esse movimento de alta corre o risco de ser passageiro. “O aparente pânico ainda pode voltar a interferir no humor dos investidores a
qualquer momento”, afirmou em relatório
“Com as recentes quedas, tinha muita gente ansioso para comprar, achando tudo muito barato. Estavam só esperando um fundo com caixa puxar a fila para todo mundo ir atrás”, comentou Jefferson Laatu. No entanto, assim como Galdi, ele também vê um cenário bastante nebuloso. “Não dá para saber o que vai acontecer. Provavelmente, o mercado não vai gostar se, na próxima semana, o número de casos de coronavírus subir muito no Brasil ou se o Donald Trump pegar a doença, até pela idade dele.”
Entre as maiores altas do Ibovespa hoje esteve a do banco BTG Pactual, que disparou 27,89%. As varejistas B2W e Magazine Luíza também tiveram altas acentuadas, subindo 27,49% e 23,53%, na expectativa de que a injeção de recursos no mercado incentive o consumo.
Já as ações da Petrobras, com grande peso no índice, dispararam mais de 22% e sustentaram a alta histórica do Ibovespa. As ações da estatal vinham sendo fortemente pressionadas pelo conflito entre Arábia Saudita e Rússia, que envolvem o aumento da produção de petróleo. No mercado de futuros, o preço do barril de petróleo subiu nesta sexta, aliviando a tensão sobre o setor petolífero.
