A bolsa brasileira sobe, nesta quinta-feira, 7, em linha com o cenário internacional, após a China ter apresentado dados positivos sobre seu comércio exterior e o número de pedidos de auxílio desemprego ter voltado a cair nos Estados Unidos. Pela manhã, no entanto, o principal índice da bolsa chegou a operar no terreno negativo, com a preocupação sobre a instabilidade política e os impactos do coronavírus no Brasil. Às 14h16, o Ibovespa subia 0,16% e marcava 79.150,23 pontos.
Nesta manhã, o ministro da Economia, Paulo Guedes, aumentou a preocupação dos investidores ao dizer que “a economia está começando a colapsar” devido ao coronavírus. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil já tem 125.218 casos confirmados e 8.536 mortes. Especialistas já estimam que o país seja o novo epicentro da epidemia, considerando a baixa taxa de testagem.
“Os estados já estão decretando lockdown. Isso é muito ruim para a economia. Esperava-se que voltar ao normal entre maio e junho. Mas as expectativas serão frustradas, afirmou Gabriel Ribeiro, analista da Necton Investimentos.
Segundo Ribeiro, também voltou a ser sondado no mercado a possibilidade de Paulo Guedes deixar o governo. Os “pequenos boatos” tem como base o recente discurso do líder do governo Major Vitor Hugo, que disse que o próprio presidente Jair Bolsonaro que havia pedido para tirar o congelamento dos salários do funcionalismo do pacote de auxílio aos estados. O congelamento foi a única contrapartida pedido pelo ministro Guedes.
Por outro lado, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) pressiona as ações para cima. Ontem, o Copom optou por um corte mais agressivo do que o esperado, reduzindo a taxa básica de juros em 75 pontos base, para 3% ao ano. A expectativa média era de um corte de 50 pontos base.
O corte de juros, embora enfraqueça a moeda local, tende a fortalecer a bolsa de valores, já que o custo de capital fica mais barato. Além disso, Alvaro Bandeira, economista-chefe, do banco digital modalmais, destaca que a medida também pode tornar a bolsa brasileira mais atrativa para o investidor estrangeiro. “A decisão do Copom está fazendo o dólar esticar bem, isso torna as ações brasileiras mais atrativas”, disse.
Lá fora, o otimismo se deve às exportações chinesas, que cresceram 3,5%, em abril, ante uma expectativa de retração de 15,7%.
“Eles estão começando a colocar a cabeça para fora da água. Isso é importante para o mundo inteiro, principalmente para os emergentes, que exportam muita matéria-prima para a China”, afirmou Bandeira.
Contudo, as importações chinesas vieram abaixo das projeções, recuando 14,2% na comparação anual. “Os dados são duvidosos. A exportação subiu muito e a importação diminuiu, então de onde veio a matéria-prima? Mas de certa forma ajuda o mercado”, comentou Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.
Laatus também vê com otimismo os dados semanais de pedidos de seguro de desemprego, divulgado, hoje, nos Estados Unidos. Embora os 3,169 milhões de pedidos tenham ficado pouco acima dos 3 milhões projetados, o mercado voltou a reagir de forma negativa, já que também vieram abaixo dos números registrados na quinta-feira passada, quando foram reportados 3,846 milhões de pedidos. “Está diminuindo semana a semana. Uma hora essa curva vira”, disse.
Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 sobe 1,73%. Na Europa, o Stoxx 600 fechou em alta de 1,09%.
Na bolsa brasileira, as ações das companhias de papel e celulose Suzano e Klabin lideravam as altas do Ibovespa, subindo 12,51% e 8,67%, respectivamente. A alta do dólar, que atinge máximas históricas frente ao real no pregão de hoje, tende a favorecer as empresas do setor, que tem grande parte da receita em dólar devido às exportações.
Entre os papéis com maior peso no índice, os da Vale, que também tem parte significativa do faturamento em dólar, subiam 5%. Com participação de 10% no Ibovespa (a maior entre todos os componentes), a mineradora contribuía para o tom positivo na bolsa.