Ibovespa sobe e encosta novamente nos 80 mil pontos

O Ibovespa encerrou o pregão desta terça-feira em alta de 1,37% em linha com o otimismo no exterior. O principal índice da bolsa brasileira atingiu 79.918 pontos, melhor resultado desde 13 de marçoEm alguns momentos ao longo da sessão, o indicador chegou a ultrapassar a barreira dos 80.000 pontos. O que pautou a alta no mercado acionário foram os dados comerciais na China que vieram melhores do que o esperado, conforme as fábricas retomam a produção. As exportações caíram 6,6% em março em relação ao ano anterior, enquanto as importações diminuíram 0,9%.

Para Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco modalmais, a recuperação da China é um bom sinal para o Brasil. “Melhora a exportação de commodities, proteínas, minério…”, afirma. “O mercado está buscando um novo ponto de equilíbrio. Está parando aquele movimento de voo para ativos mais seguros [flight to Quality], por isso não devemos mais ver circuit breaker [mecanismo de pausa nas negociações da bolsa provocado por queda de mais de 10% do Ibovespa]. O mercado está mais calmo.“

Os dados comerciais na China também fazem com que as bolsas nos Estados Unidos operem em alta. O índice Dow Jones sobe 1,90%, o S&P 500, 2,66%, e Nasdaq 3,64%. Já o índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, fechou o pregão em alta de 1,93%, enquanto o índice de Xangai subiu 1,59%.

Cristiane Fensterseifer, analista de ações da casa de análise Spiti, aponta que outro fator positivo – que contribui para a alta do Ibovespa – é o fato de o número de novos casos da pandemia de coronavírus estar estável em algumas economias da Europa. A Alemanha, por exemplo, já discute a abertura de alguns segmentos da economia.

Por sua vez, no cenário doméstico, foi divulgado o índice de atividade econômica do Banco Central IBC-Br, indicador visto como prévia do produto interno bruto. Em fevereiro, o IBC-Br teve alta de 0,35% em fevereiro, ante um avanço de 0,24% em janeiro. No entanto, esses dados não refletem a atividade depois da pandemia de coronavírus. “Os números são defasados Já está no radar uma queda grande do PIB no primeiro e no segundo trimestre, mas isso já está mais ou menos no preço”, acrescenta Bandeira.

Ainda no âmbito doméstico, os investidores estão repercutindo a aprovação do texto-base do projeto de lei para ajudar estados e municípios a combater a crise do coronavírus . O texto aprovado ontem à noite na Câmara dos Deputados tem impacto estimado de 89,6 bilhões de reais, mais que o dobro do oferecido pelo Tesouro Nacional, e não prevê congelamento de salários como contrapartida, como queria a equipe econômica do governo. Para Bandeira, não tem outra opção a não ser ajudar estados e municípios. “Eles vão ter uma queda de arrecadação brutal e suas finanças vão ficar muito comprometidas.” 

Já Henrique Esteter, analista da Guide, discorda. “Gera uma desconfiança muito grande. O Plano Mansueto inicial, que estava pronto para ser votado há um bom tempo, tinha movimento positivo. Mas com o coronavírus, virou um plano de resgate sem contrapartida, abrindo espaço para os estados manterem funcionários disfuncionais, deixando a conta para o governo federal. O impacto fiscal é elevado e excessivo.”

Uma das ações para prestar atenção hoje é a da companhia aérea Azul. É que o controlador, David Neeleman, reduziu sua participação na empresa, ao passar de 11.432.352 ações preferenciais, correspondentes a 3,34% do total, para 2.116.004 ações preferenciais em março. A companhia esclarece que não houve alteração na posição de ações votantes detidas pelo acionista controlador, totalizando 622.406.638 ações ordinárias. Às 10h40, os papéis subiam 0,74%.

Em nota, a Azul esclarece que Neeleman havia feito um empréstimo pessoal em 2019 no valor de 30 milhões de dólares usando como garantia parte de suas ações da Azul, dado que ele não tinha intenção de vender seus papéis por acreditar em seu potencial. “O impacto da pandemia do Covid- 19 no mercado de ações, porém, ocasionou uma chamada de margem no empréstimo, e devido à velocidade do movimento e o fato de ele ter outros investimentos no setor sem liquidez como TAP e Breeze, não houve tempo para levantar a liquidez adequada”, explica a nota. Assim, os bancos custodiantes executaram a garantia.

Para Esteter, o controlador da Azul era um porto seguro da empresa, até pela participação que ele tem em outras aéreas de fora do país. “Quando o controlador empresa se desfaz de posição tão grande só eleva a desconfiança do mercado”, diz.

 


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