Inflação além do esperado reforça visão de alta da Selic (e crise em 2022)

A prévia da inflação oficial divulgada nesta quarta-feira, 26, não deixa dúvidas: o caminho será duro em 2022 para que a inflação fique dentro do teto da meta e na casa dos 5% que foram previstos nas estimativas de começo do ano.

O IPCA-15, que mede as variações de preços até meados de cada mês, ficou em 0,58% em janeiro e 10,20% no acumulado em 12 meses, desacelerando em relação a dezembro. Ainda assim, terminou pior do que as expectativas. A mediana das projeções do mercado previa uma alta mensal bem menor, de 0,44%. 

“Em suma, uma leitura bem desfavorável [no IPCA-15], com núcleos acima do esperado”, escreveu o Banco Sanfra em relatório nesta quarta-feira.

A alta reforça as expectativas de que o Banco Central possa chegar a aumento de 1,5 ponto percentual na taxa Selic já em fevereiro, conforme chegou a pontuar ata no fim do ano.

A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) está marcada para a semana que vem, em 1º e 2 de fevereiro, quando o comitê decidirá sobre a taxa.

A Selic começou 2021 em baixa histórica de 2,25% e está hoje em 9,25%, tendo sido progressivamente aumentada como resposta do Banco Central à inflação. Se a alta prevista para fevereiro for confirmada pelo Copom, a Selic chegaria, portanto, a 10,75%. 

O consenso do mercado até agora vê a Selic aumentando ainda mais nas próximas reuniões do Copom depois de fevereiro.

No último boletim Focus, a mediana dos analistas ouvidos projeta Selic em 11,75% no fim de 2022 e depois caindo para 8,0% em 2023.

Como a EXAME mostrou, as projeções do mercado apontam para uma alta que faça a Selic chegar aos 11,75% já em maio. Depois disso, as visões divergem: em uma perspectiva mais otimista, algumas casas de análise e bancos projetam que cortes possam ocorrer nas reuniões seguintes até o fim do ano, trazendo a taxa para mais perto dos 11% do que dos 12%.

Mas economistas têm pontuado que, em meio a componentes inflacionários como risco fiscal e político e cenário internacional desfavorável, o Banco Central age quase sozinho no combate à inflação, sem apoio do governo federal.

Desaceleração será suficiente?

A desaceleração dos preços tem ocorrido de fato nos últimos meses, sobretudo com ajuda de uma queda recente nos preços dos combustíveis no mercado internacional, além da própria alta de juros e economia estagnada.

O IPCA-15 mensal e o IPCA oficial (que diz respeito ao mês completo) estão em queda após um pico em outubro:

  • Outubro: IPCA-15 foi de 1,20% (e IPCA 1,25%)
  • Novembro: 1,17% (IPCA 0,95%)
  • Dezembro: 0,78% (IPCA 0,73%)
  • Janeiro: 0,58% (IPCA ainda não divulgado)

Como o acumulado em 12 meses é hoje de mais de 10%, para que a meta de inflação para este ano seja atingida, os preços precisam seguir desacelerando nos próximos meses.

E o resultado inflacionário de janeiro até agora reforça a leitura de que será ainda mais difícil do que o previsto cortar a inflação pela metade até o fim do ano.



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