Apesar da dificuldade em se encontrar vacinas de AstraZeneca em todo o País, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta segunda-feira que o intervalo entre doses do imunizante será diminuído de 12 para 8 semanas a partir do próximo dia 15.
A redução do intervalo da Pfizer a partir de setembro já havia sido anunciado por Queiroga no mês passado. Já a Coronavac tem intervalo menor, de 28 dias, e a da Janssen é de dose única.
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Apesar das mudanças nos intervalos, os critérios adotados ainda diferem das recomendações das fabricantes. A Pfizer recomenda intervalo de 21 dias entre as doses e a AstraZeneca, de 12 semanas, como acontece hoje.
Intercâmbio de imunizantes
Queiroga também afirmou que a orientação da pasta é promover o esquema de imunização com as duas doses da mesma vacina, e que o chamado intercâmbio de imunizantes seja utilizado apenas para as doses adicionais ou de reforço.
“A ideia é que a vacina seja homóloga. A dose heteróloga é para reforço ou dose adicional”, disse o ministro a jornalistas. “Isso é para os idosos acima de 70 anos e para aqueles que são imunocomprometidos.”
“Se porventura a AstraZeneca, por conta de questões operacionais, faltar, eventualmente se usar a intercambialidade (para a segunda dose). Agora, o critério não pode ser ‘faltou um dia, já troca’, se não a gente não consegue avançar”, acrescentou.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pelo envase no Brasil da vacina contra Covid-19 desenvolvida pela AstraZeneca com a Universidade de Oxford, atrasou as entregas do imunizante ao PNI após a demora na chegada do insumo farmacêutico ativo (IFA) da vacina.
Alguns Estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, registraram falta de doses do imunizante da AstraZeneca para aplicação da segunda dose, e em alguns locais, como na capital paulista, decidiu-se pela aplicação da vacina da Pfizer como segunda dose para quem tomou a primeira da AstraZeneca.
Segundo o ministério, a falta de vacinas para a segunda dose se deve ao fato das autoridades de alguns Estados terem usado todas as vacinas para a primeira aplicação e não reservado para a segunda. A informação, no entanto, é contestada pelos Estados.
Queiroga manifestou descontentamento com Estados que não se adiantaram à orientação geral do Plano Nacional de Imunização (PNI) e disse que “fica difícil” lidar com essa “Torre de Babel”.
O ministro acrescentou que afirmou que a intenção é concluir a distribuição de vacinas para a aplicação de primeiras doses ainda nesta semana. A expectativa da Fiocruz é retomar as entregas do imunizante nesta semana.
Queiroga afirmou ainda que o Brasil está próximo de abandonar o uso obrigatório de máscaras, como pede o presidente Jair Bolsonaro, mas não informou uma data para isso. Queiroga alertou, no entanto, que o contexto da doença no país tem que ser favorável à flexibilização da obrigatoriedade.
“Estamos bem perto de chegar a isso no Brasil, agora, é necessário que o contexto epidemiológico seja favorável a essa ação, e que a nossa campanha avance mais”, disse o ministro.
Rio de Janeiro
A falta de vacinas da AstraZeneca está levando o município do Rio a aplicar a segunda dose com imunizante da Pfizer. A “vacinação heteróloga”, como são chamados os casos em que a mesma pessoa recebe as doses produzidas por laboratórios diferentes, também poderá acontecer em outros municípios do Estado.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do Rio, a vacinação heteróloga já vinha acontecendo em algumas gestantes que tomaram a primeira dose (D1) de AstraZeneca, pessoas que apresentaram reações adversas graves àquele imunizante e em casos de desabastecimento de alguma das vacinas. “Neste momento, em que o estoque da AstraZeneca para D2 está esgotado, as pessoas estão recebendo a Pfizer como D2”, informou a SMS no início da tarde desta segunda-feira, 13.
Outros municípios também poderão ter de fazer o mesmo. Desde o dia 16 de agosto, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) publicou nota técnica autorizando a intercambialidade de vacinas “caso o estado do Rio de Janeiro não receba doses do imunizante Oxford/AstraZeneca em quantidade suficiente para completar o esquema vacinal de quem já recebeu a primeira dose”.
São Paulo
Após ter anunciado a medida na última sexta-feira, 10, o governo de São Paulo começou a disponibilizar a vacina da Pfizer às 14h desta segunda às pessoas que estão com a segunda dose da vacina da AstraZeneca em atraso. Outros Estados, como o Mato Grosso do Sul, também enfrentam desabastecimento do imunizante e pretendem adotar medida semelhante.
(Com Reuters e Estadão Conteúdo)